(ANSA) – A manhã do dia 27 de maio jamais será esquecida por aqueles que são aficionados por futebol. Uma ação da polícia norte-americana, o FBI, em conjunto com as autoridades suíças algemou alguns dos maiores cartolas do futebol mundial.
Hospedados no famoso e luxuoso Baur au Lac, de Zurique, sete cartolas de diversos países – todos membros de algum Comitê da Fifa – foram presos assim que o sol começou a raiar e a apenas dois dias das eleições da Presidência da entidade.
Viram o “sol quadrado” o ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) José Maria Marin, o então presidente da Confederação de Futebol da América do Norte, América Central e Caribe (Concacaf), Jeffrey Webb, o então presidente da Confederação de Futebol da Costa Rica, Eduardo Li, o ex-presidente da Concacaf Jack Warner, o ex-presidente da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) Eugenio Figueiredo, o diretor de desenvolvimento da Fifa, Julio Rocha, e o então assistente da Presidência da Concacaf, Costas Takkas.
Além deles, outras oito pessoas também tiveram mandados de prisão anunciados, sendo a maioria latinos-americanas envolvidos com os direitos de transmissão de imagens de campeonatos nacionais e internacionais. O escândalo abalou a cúpula da Fifa, mas, mesmo assim, o então presidente Joseph Blatter foi reeleito para o posto, em uma disputa com o príncipe da Jordânia, Ali bin Al Hussein. Porém, com a constante pressão internacional sobre o suíço, ele anunciou que deixaria o posto apenas cinco dias após ser eleito.
As novas eleições foram marcadas apenas para o dia 26 de fevereiro de 2016.
Em agosto, outra peça importante do comando da Fifa foi afastada. Jérôme Valcke, o então secretário-geral, foi suspenso por tempo indeterminado por liderar um suposto esquema na comercialização de bilhetes para as Copas do Mundo desde 1990.
Para seu lugar, foi chamado o alemão Markus Kattner.
Após esse período de revelações bombásticas, que envolviam milhões e milhões de dólares, o Comitê Executivo colocou em debate diversas mudanças na estrutura da Fifa. Em agosto, a entidade máxima do futebol anunciou que o ex-diretor-geral do Comitê Olímpico Internacional (COI) François Carrard, havia sido anunciado como o responsável para liderar a força-tarefa que reformaria a entidade. Para tentar enfrentar toda essa situação, diversas reuniãos foram realizadas para debater o que seria feito para evitar esse tipo de problema da corrupção.
Em entrevista à ANSA, um porta-voz da Fifa afirmou que “um abrangente pacote desenvolvido pelo Comitê de Reforma 2016 foi aprovado de maneira unânime na última reunião do Comitê Executivo da Fifa. Este pacote será agora submetido ao Congresso Eleitoral Extraordinário, marcado para 26 de fevereiro de 2016”.
Entre as mudanças aprovadas, está um limite de três mandatos consecutivos na Presidência, com duração de quatro anos cada, uma “clara separação” entre as funções “políticas” e de gerenciamento, e um número “mínimo de membros independentes” no Comitê de Finanças, Desenvolvimento e Governança – que também passará por auditoria externa.
Ainda de acordo com o representante, essas medidas têm como “objetivo abrir caminho para mudanças significativas e necessárias na estrutura de governança” da organização.
Mesmo com tantos detidos, Blatter não chegou a ser indiciado por nenhum crime. Porém, como há o risco do nome do mandatário – que atualmente está suspenso pelo próprio Comitê de Ética da organização por uma suposta propina paga a Michel Platini – ser envolvido nas investigações, a Fifa ainda informou que “continua a cooperar com as investigações das justiças norte-americana e suíça”.
– Eleições na Fifa
Apesar das bombas explodirem em 2015, o cenário não parece ser dos mais tranquilos para a Fifa em 2016. Os problemas já aparecem para o pleito marcado para fevereiro. Platini, que também está suspenso por causa do problema com Blatter, era o principal candidato ao posto de presidente da Fifa do pós-escândalo. Contudo, como seu caso ainda está em análise, ele foi cortado da lista de pré-candidatos. Devem concorrer às eleições o xeque Salman Bin Ibrahim al-Khalifa, que é considerado apto à disputa mesmo após grupos de direitos humanos o acusarem de violar direitos fundamentais da população, o príncipe da Jordânia, Ali Bin al-Hussein, o ex-secretário da Fifa Jérôme Champagne, o secretário-geral da Uefa, Gianni Infatino, e o sul-africano Mosima Gabriel Tokyo Sexwale – acusado de pagar propina para o governo do país para realizar eventos relacionados à Copa do Mundo de 2006.
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