Já se comprovou que mulheres e negócios é uma combinação que dá certo. No cenário empresarial, a liderança feminina tem ganhado cada vez mais força no mercado. De acordo com a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor 2017, que no Brasil é realizada em parceria com o Sebrae, mais da metade dos novos negócios abertos em 2016 (51,6%) foi fundada por mulheres, o que contribui para o aumento da autonomia financeira feminina.
Na empresa de contabilidade Rui Cadete Consultores e Auditores Associados, apesar do sócio-fundador que dá nome à empresa ser um homem e a atividade da contabilidade ter sido originalmente masculina, a maioria entre os colaboradores é predominantemente feminina: de 91 funcionários, 61 são mulheres, cerca de 67% da equipe. Nos cargos estratégicos, a porcentagem é ainda maior: 71,5% das funções são ocupadas por mulheres. Para se ter ideia, entre os que integram a gestão, cinco são homens e nove são mulheres.
A empresa comprovou que investir na mão de obra feminina é um bom negócio: de acordo com levantamento realizado por uma ferramenta de gestão adotada pela Rui Cadete, as mulheres apresentam resultados mais positivos na execução do trabalho do que os homens. “Não é que exerçamos uma preferência pelas mulheres, mas percebemos que elas são mais organizadas, são multitarefas, conseguem dar conta de várias responsabilidades. Não que os homens não possuam essas habilidades, já estão mais relacionadas à própria atitude do que ao gênero. Mas acredito que as mulheres acabam tendo essas habilidades mais desenvolvidas”, analisa Karina Dias, sócia-diretora da Rui Cadete.
Já na Casa Escola, instituição de Educação Infantil e Ensino Fundamental, 82% dos 79 funcionários são mulheres. Ao todo, 65 mulheres compõem o quadro da escola. Na coordenação, 75% dos cargos são ocupados por mulheres. Nos cargos dos âmbitos da direção e administração, o número é ainda mais marcante: 100% de ocupação feminina.
Priscila Griner, diretora da Casa Escola, avalia que o perfil da empresa acaba sendo mais empático com as profissionais mulheres, uma vez que mesmo os homens que compõem o quadro de colaboradores precisam desenvolver características frequentemente associadas às mulheres.
“Trabalhamos com o ato de cuidar, portanto todos os funcionários da Casa Escola, dos professores aos funcionários de apoio, precisam ativar esse lado, independente do gênero, e da função”, explica, o que para ela justifica a presença mais marcante de mulheres na folha de pagamento.
Com mais de 20 anos no mercado da comunicação, a agência de assessoria de imprensa Letra A é essencialmente feminina desde seu início, quando as jornalistas Ana Cristina França e Ângela Bezerra decidiram montar a empresa. A dupla optou por sempre contratar mulheres para os cargos, devido ao fato, argumentam, de o trabalho de produção de conteúdo necessitar de um olhar mais apurado e detalhista, habilidades mais comuns às mulheres. Atualmente, entre estagiárias e profissionais, a Letra A Comunicação conta com quatro colaboradoras, todas mulheres, além das sócias.
Análise
“De fato há um expressivo crescimento das mulheres no ramo dos negócios. Justifica-se o empreendedorismo feminino, principalmente, por dois elementos: a busca de conciliação com a maternidade e o anseio de trabalhar com o que gosta e tem afinidade”, opina Carolline Candeias, coordenadora dos cursos de Gestão da Estácio Zona Norte. Para a profissional, as já conhecidas características das mulheres de serem multitarefas e afinadas com a organização colaboram para a gestão das empresas.
Pesquisa na área
A Rede Mulher Empreendedora realizou um estudo para entender o perfil das mulheres que fazem a diferença no País. O estudo “Empreendedoras e Seus Negócios” buscou avaliar as barreiras de crescimento para os negócios criados e geridos por mulheres e foi realizado entre os meses de agosto e setembro de 2017, com cerca de 800 mulheres espalhadas por todo o território nacional.
Segundo a pesquisa, 55% das empreendedoras brasileiras têm filhos e, dentre as que são mães, 75% decidiram empreender após a maternidade. Além disso, 55% delas buscam mais qualidade de vida, porém 39% trabalham 9h ou mais por dia.
O estudo também mostrou que 79% das empreendedoras entrevistadas possuem ensino superior completo e a média de idade delas é de 39 anos; 61% delas são casadas e 44% são chefes de família. Além disso, 35% das respondentes é MEI, e destas, 17% tem sócios e 39% conta com alguém trabalhando ou ajudando no negócio.
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