(ANSA) – Em seu primeiro discurso como presidente interino, Michel Temer fez acenos ao mercado financeiro, prometeu diálogo para resolver os problemas do Brasil e garantiu que não cortará programas sociais e nem direitos dos trabalhadores.
Cercado pelos seus 24 ministros, uma diminuição de 25% em relação ao governo Dilma Rousseff, o peemedebista falou por mais de 20 minutos e indicou que não deve ter receio em promover uma política de privatizações. “Sabemos que o Estado não pode fazer tudo, ele depende do setor produtivo. A nós compete cuidar da segurança, da saúde, da educação, dos setores fundamentais que não podem sair da órbita pública. O restante precisa ser compartilhado”, disse.
Segundo Temer, seu maior objetivo no governo será reduzir o desemprego no país, resgatando sua credibilidade no exterior. Para isso, prometeu “dialogar” para encontrar as “melhores receitas” para as reformas que pretende realizar, como a trabalhista e a previdenciária. “Reitero que é urgente pacificar a nação e unificar o Brasil, fazermos um governo de salvação nacional. O diálogo é o primeiro passo para enfrentarmos os desafios e para avançar e garantir a retomada do crescimento”, acrescentou.
Depois de se direcionar ao mercado, Temer tentou tranquilizar o povo. Garantiu que manterá todos os programas sociais desenvolvidos pelo PT e prometeu que “nenhuma reforma alterará os direitos adquiridos pelos cidadãos brasileiros”. “O Bolsa Família, o Pronatec, o Prouni, e o Minha Casa, Minha Vida são projetos que deram certo e terão sua gestão aprimorada”, afirmou.
Além disso, saiu em defesa da Operação Lava Jato, na qual já foi citado por delatores, e destacou que ela deve ser protegida contra “qualquer tentativa de enfraquecimento”. Já Dilma Rousseff foi mencionada apenas no fim do pronunciamento, quando declarou seu “absoluto respeito institucional pela senhora presidente”.
Temer encerrou mencionando o lema de seu governo, “ordem e progresso”, e desejou “um bom Brasil a todos”. A fala do peemedebista era aguardada com ansiedade pelo mercado financeiro, que havia tempos estava divorciado de Dilma. Em meio a essa expectativa, o índice Ibovespa fechou a quinta-feira com alta de 0,90%, embora o dólar comercial tenha se valorizado em 0,79%, chegando a R$ 3,47.
Ministério
Em seu gabinete, Temer tentou acomodar todos os grupos políticos que apoiaram o impeachment de Dilma, mas reservando as principais pastas para sua “cota pessoal”. Uma delas é a da Fazenda, que será comandada pelo ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles.
Também formam a tropa de choque do presidente interino Romero Jucá (Planejamento, Desenvolvimento e Gestão), Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) e Eliseu Padilha (Casa Civil). Amigo de Temer, José Serra, do PSDB, foi nomeado para o Ministério das Relações Exteriores, enquanto seu ex-pupilo Gilberto Kassab foi alocado na pasta de Ciência, Tecnologia e Comunicações.
Confira a lista completa:
– Gilberto Kassab (Ciência, Tecnologia e Comunicações)
– Raul Jungmann (Defesa)
– Romero Jucá (Planejamento, Desenvolvimento e Gestão)
– Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo)
– Sérgio Etchegoyen (Gabinete de Segurança Institucional)
– Bruno Araújo (Cidades)
– Blairo Maggi (Agricultura, Pecuária e Abastecimento)
– Henrique Meirelles (Fazenda)
– Helder Barbalho (Integração Nacional)
– Marcos Pereira (Desenvolvimento)
– Fernando Bezerra Filho (Minas e Energia)
– Mendonça Filho (Educação e Cultura)
– Eliseu Padilha (Casa Civil)
– Osmar Terra (Desenvolvimento Social e Agrário)
– Leonardo Picciani (Esporte)
– Ricardo Barros (Saúde)
– José Sarney Filho (Meio Ambiente)
– Henrique Alves (Turismo)
– José Serra (Relações Exteriores)
– Ronaldo Nogueira de Oliveira (Trabalho)
– Alexandre de Moraes (Justiça e Cidadania)
– Mauricio Quintella (Transportes, Portos e Aviação Civil)
– Fabiano Augusto Martins Silveira (Fiscalização, Transparência e Controle, ex-CGU)
– Fábio Osório Medina (AGU)
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