O governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa, anunciou o afastamento imediato do diretor e de policiais militares do Colégio Militar Euclides Bezerra Gerais, localizado em Paranã, sul do estado. A decisão, publicada no Diário Oficial na quinta-feira (21), foi tomada após a divulgação de um vídeo mostrando alunos em marcha, entoando um cântico com conteúdo violento e explícito.
O vídeo mostra estudantes fardados repetindo em coro, na forma de um jogral, uma frase dita por um policial militar presente. A letra da música, de acordo com informações oficiais, inclui versos que fazem apologia à violência, como:
“Tu vai lembrar de mim
Sou taticano maldito [referência à Força Tática da PM]
E vou pegar você
E se eu não te matar
Eu vou te prender
Vou invadir sua mente
Não vou deixar tu dormir
E nas infiltrações você vai lembrar de mim”
Em nota oficial, o governo do estado declarou que o governador, “tão logo soube do caso, determinou à Polícia Militar (PMTO) o imediato afastamento do diretor da instituição escolar e de demais militares envolvidos das atividades escolares, além de cobrar que o caso seja apurado e que todas as medidas cabíveis sejam tomadas, conforme os trâmites legais e disciplinares da instituição”.
Além do afastamento dos militares, o governo também anunciou a formação de uma comissão de apuração pela Secretaria de Estado da Educação (Seduc). Essa comissão terá como objetivo investigar o incidente a fundo, buscando entender as circunstâncias que levaram à ocorrência e implementar medidas para prevenir que situações semelhantes se repitam no futuro. A investigação deve incluir entrevistas com alunos, professores, policiais militares envolvidos e a análise do contexto em que o cântico foi produzido e executado.
Embora o governo tenha classificado o ocorrido como um caso isolado, a gravidade do conteúdo da música e a participação de policiais militares no incidente levantaram preocupações sobre a cultura de violência presente no ambiente escolar e a necessidade de uma revisão dos protocolos de segurança e disciplina dentro do Colégio Militar. A investigação da Seduc deve abordar questões como o treinamento dos militares que trabalham na escola, a supervisão dos alunos e a existência de qualquer tipo de cultura que tolere ou incentive a violência entre os estudantes.
A Polícia Militar do Tocantins também abriu um procedimento interno para apurar a conduta dos policiais militares envolvidos, que podem ser punidos disciplinarmente de acordo com a legislação vigente. A investigação da PMTO analisará se houve conivência, negligência ou qualquer tipo de omissão por parte dos policiais em relação à produção e à execução do cântico. As possíveis sanções podem variar desde advertências até a expulsão da corporação, dependendo da gravidade das irregularidades encontradas.
O caso gerou grande repercussão na mídia e nas redes sociais, levando a um debate sobre a militarização das escolas e os seus potenciais impactos na formação dos alunos. O incidente levanta a questão de como balancear a disciplina e a segurança com a promoção de um ambiente escolar que respeite os direitos humanos e promova valores de paz e cidadania.
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