A Petrobras anunciou planos ambiciosos para retornar ao mercado de etanol, buscando compensar a projetada redução na demanda de gasolina nas próximas décadas. A estratégia envolve a criação de uma joint venture com produtores de cana-de-açúcar e milho, com investimentos significativos previstos.
O plano de negócios da Petrobras para 2025-2029, apresentado recentemente, reserva US$ 2,2 bilhões (mais de R$ 12,5 bilhões) para investimentos na produção de etanol. Mauricio Tolmasquim, diretor executivo de Transição Energética e Sustentabilidade, declarou: “A gasolina vai perder mercado ao longo do tempo. Até 2040, vai crescer o etanol. A gente quer continuar grande. Vamos fazer isso entrando no nosso produto competidor, o etanol. A gente vai perder o mercado de gasolina e ficar no etanol”.
A empresa busca uma parceria estratégica para acelerar o processo, visando uma rápida entrada no mercado e uma produção inicial estimada em 2 bilhões de litros de etanol por ano. Tolmasquim acrescentou: “A nossa ambição é grande. Estamos partindo para ser realmente um dos líderes na questão do etanol. Vamos fazer parcerias. Seria um caminho longo para percorrer se fôssemos partir do zero. A ideia é já começar grande. Isso pode ser implantado muito rapidamente”.
Essa decisão representa uma mudança significativa em relação ao plano de negócios de 2017-2021, que levou a Petrobras a se desfazer de parcerias no setor de etanol. A presidente da estatal, Magda Chambriard, destacou a importância estratégica do etanol como principal concorrente da gasolina, principalmente no Brasil, único país com frota de veículos leves flex em larga escala. Ela enfatizou que o etanol é “bastante rentável, atrativo economicamente”.
O plano de negócios de longo prazo da Petrobras, incluindo metas até 2050, demonstra um forte foco na transição energética. Chambriard assegurou que os investimentos em energias renováveis não comprometem a rentabilidade da empresa, buscando tranquilizar investidores. “Eu vou garantir que todos os nossos projetos serão feitos de forma muito responsável e zelando pela sua rentabilidade. Nós não vamos destruir valor, nós vamos construir valor, mantendo foco em petróleo e gás”, afirmou ela. O plano prevê investimentos totais de US$ 111 bilhões (R$ 644 bilhões), com aumento de 42% nos investimentos em transição energética, chegando a US$ 16,3 bilhões (15% do total).
A Petrobras projeta um crescimento na demanda de energia no Brasil até 2050, mantendo sua participação de 31% no mercado. Apesar disso, a empresa reconhece a diminuição da participação de combustíveis fósseis, com aumento da participação de fontes renováveis em sua produção, chegando a 8% a 11%. A empresa espera alcançar a neutralidade de carbono em suas operações até 2050.
Apesar do foco na transição energética, a Petrobras continua investindo na exploração e produção de petróleo, com previsão de perfurar 51 poços entre 2025 e 2029. A empresa espera atingir o pico de produção de petróleo em 2029, com 3,2 milhões de barris equivalentes de óleo e gás por dia. Chambriard argumenta que a exploração de petróleo e a transição energética não são incompatíveis, citando o petróleo pré-sal e o diesel R5 como exemplos de iniciativas sustentáveis. “É perfeitamente possível conciliar exploração, produção e refino [de petróleo] com liderança em transição energética”, disse.
O plano de negócios da Petrobras também prevê a geração de 315 mil empregos diretos e indiretos e o pagamento de US$ 253,7 bilhões (R$ 1,4 trilhão) em impostos nos próximos cinco anos.
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