A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na sexta-feira (22), revelou um cenário preocupante para o mercado de trabalho brasileiro, com destaque para as disparidades entre gêneros e raças.
No terceiro trimestre de 2023, a taxa de desemprego entre as mulheres atingiu 7,7%, superior à média nacional de 6,4% e significativamente maior que a taxa masculina, que ficou em 5,3%. Essa diferença representa um aumento de 45,3% na taxa de desemprego das mulheres em relação aos homens. O IBGE ressalta que, embora preocupante, essa discrepância é menor do que a observada em períodos anteriores. No primeiro trimestre de 2012, por exemplo, a diferença chegou a 69,4%, enquanto no segundo trimestre de 2020, durante o início da pandemia, atingiu o menor patamar, de 27%.
Uma comparação com o trimestre anterior mostra uma leve melhora. No segundo trimestre de 2023, as taxas de desemprego eram de 8,6% para as mulheres, 5,6% para os homens e 6,9% para a média nacional. A pesquisa também destacou a disparidade salarial entre os gêneros: o rendimento médio dos homens (R$ 3.459) foi 28,3% superior ao das mulheres (R$ 2.697) no terceiro trimestre.
A pesquisa também analisou a relação entre raça e desemprego. As taxas de desocupação para pretos (7,6%) e pardos (7,3%) superaram a dos brancos (5%). Em comparação com o segundo trimestre, houve uma redução nas taxas de desemprego para todas as três categorias raciais: de 8,5% para 7,6% entre os pretos, de 7,8% para 7,3% entre os pardos, e de 5,5% para 5% entre os brancos.
O nível de escolaridade também se mostrou um fator determinante na taxa de desemprego. A pesquisa revelou que a taxa de desocupação para pessoas com ensino médio incompleto (10,8%) foi significativamente maior do que para aqueles com outros níveis de instrução. Para pessoas com nível superior incompleto, a taxa foi de 7,2%, mais do que o dobro da taxa observada para aqueles com nível superior completo (3,2%).
Os dados da Pnad Contínua oferecem um panorama detalhado da situação do mercado de trabalho brasileiro, apontando para a necessidade de políticas públicas que visem a redução das desigualdades de gênero e raça, bem como o investimento em educação e qualificação profissional para melhorar as perspectivas de emprego para todos os brasileiros.
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