O pagamento do 13º salário, que beneficiou cerca de 92,2 milhões de trabalhadores com carteira assinada, incluindo empregados domésticos, aposentados e pensionistas, injetou R$ 321,4 bilhões na economia brasileira, segundo dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Com um valor médio de R$ 3.096,78 por trabalhador, a gratificação representa 3% do Produto Interno Bruto (PIB), impactando significativamente o desenvolvimento econômico, principalmente no final do ano. “Aumenta a demanda por produtos e serviços em todo o país. Os setores de comércio, bares, restaurantes, hotelaria e turismo têm grande aumento de demanda, provocado pelo pagamento do 13º salário.”, afirma Mariel Angeli Lopes, supervisora técnica do Dieese, em entrevista à Agência Brasil.
Para além do impacto econômico positivo, especialistas recomendam o planejamento cuidadoso do uso desse recurso extra. “A utilização dos recursos do 13º salário depende um pouco de quais são as necessidades das pessoas que vão receber e de como que está nessa situação financeira atual.”, complementa Lopes.
Ana Cláudia Arruda, conselheira do Conselho Federal de Economia (CFE), destaca a importância do 13º salário para a saúde financeira, especialmente para aqueles que não conseguiram constituir uma reserva de emergência durante o ano. “É um dinheiro que pode garantir uma saúde financeira para o início do ano.”, declara Arruda.
Segundo Arruda, “Primeiro, recomendamos listar as necessidades e as prioridades. Em geral, as pessoas não colocam no papel os gastos e as prioridades desses gastos. É preciso fazer uma lista pensando no que precisa ser comprado agora e no que pode ficar para depois, não deixando de incluir a quitação de dívidas antigas, que é de fundamental importância, tendo em vista os juros”.
A Agência Brasil lista dez dicas para um planejamento eficaz do 13º salário:
- Quitação de dívidas: Priorizar dívidas com juros mais altos, especialmente contas atrasadas (cartão de crédito, crediário, cheque especial).
- Negociação com credores: Buscar descontos ou melhores condições de pagamento.
- Reserva financeira de emergência: Criar um fundo para imprevistos (saúde, desemprego, reparos), em investimento de baixo risco e alta liquidez. A Serasa recomenda uma reserva de três a seis meses de despesas mensais, podendo variar dependendo da situação individual.
- Gerenciamento de gastos do início do ano: Antecipar o pagamento de contas como material escolar, serviços educacionais e IPTU.
- Planejamento de compras: Listar itens necessários, pesquisar preços e evitar compras por impulso e parcelamentos com juros altos.
- Descontos: Buscar descontos em produtos e serviços e aproveitar promoções.
- Novas dívidas: Evitar novas dívidas e gastos excessivos.
- Prazos de pagamento: Priorizar pagamentos à vista para evitar juros, considerando a capacidade de arcar com outras despesas.
- Investimentos: Reservar parte do dinheiro para investimentos de longo prazo (imóveis, aposentadoria, etc.), diversificando para reduzir riscos e aumentar a rentabilidade.
- Avaliação da situação financeira: Analisar gastos recorrentes e identificar possibilidades de economia (cancelamento de serviços não utilizados, revisão de contratos, etc.).
Para quem busca auxílio, a recomendação é procurar um consultor financeiro para análise da situação financeira, definição de metas e orientação em investimentos. Diversos aplicativos de finanças pessoais, gratuitos e pagos, também podem auxiliar no controle de gastos e investimentos.
A economista do Dieese reforça a importância do planejamento financeiro, ressaltando que “Quitação de dívidas não é planejamento de gastos. Priorização de gastos também e a montagem de uma reserva de emergência, que é fundamental para todas as pessoas”, conclui.
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