A partir do momento em que as “fan pages” foram lançadas, em 2007, qualquer um poderia criar uma Página e começar a reunir pessoas com a suposição de que eles veriam essas mensagens. Mas de 2012 para cá, administradores e gestores das Páginas descobriram que apenas uma fração de seus seguidores, 16% em média, estava vendo as publicações. E esse número está cada vez menor. Isto se estende também aos grupos, onde usuários tem sido bloqueados por dias e até meses sendo acusados de spam.
Segundo o Facebook, o novo algoritmo da rede social está tentando apenas garantir que as pessoas estejam vendo somente o melhor conteúdo, aquilo que é relevante para elas. Mas diversos especialistas apontam que o motivo para tal restrição é outro: forçar as pessoas a pagar por impulsionamento de conteúdo na plataforma, seja em fan pages ou grupos, já que após esse ajuste do algoritmo da rede social, houve uma queda de 52% no alcance orgânico no Facebook. Hoje o alcance orgânico de grupos e páginas com mais de 500 mil seguidores pode chegar a míseros 2%, segundo um estudo da Edgerank Checker.
O filósofo, jornalista e especialista em mídias sociais Fabiano de Abreu é um dos que corroboram a ideia de que há manipulação na rede social para forçar os usuários a pagarem para ter alcance e visibilidade: “A manipulação existe e não é preciso ser um expert em social media ou marketing digital para perceber. Menos pessoas vendo as publicações orgânicas da sua Página ou grupo no Facebook significa menos cliques, comentários e compartilhamentos e, ter menos interações significa menos conversões, leads, vendas, alcance e clientes.”
Novo algoritmo e novos problemas
Em 2016, o Facebook ajustou seu algoritmo do News Feed novamente, com a justificativa de priorizar ainda mais o conteúdo supostamente mais relevante para os usuários e menos comercial. O diretor de Engenharia do Facebook, Lars Backstrom, advertiu que as Páginas poderiam antecipar uma queda no alcance orgânico, o que poderia deixar o alcance abaixo dos 2%, em alguns casos.
Para Fabiano de Abreu, a rede social deixou de possibilitar a disseminação de conteúdo e crescimento orgânico para atender a seus próprios interesses: “a posição oficial do Facebook é que estão combatendo as fake news e que as pessoas têm produzido muito conteúdo, por isso necessita de um algoritmo que filtre isto. Mas na verdade nota-se que o objetivo é nos deixar reféns de pagar pelos anúncios. Infelizmente a rede social é hoje o meio mais acessado pela maioria das pessoas para se informarem e para entretenimento, logo não ser visto por lá, quando se é uma empresa ou uma marca ou um profissional liberal é um problema. Estamos a mercê do Facebook, também dono do Instagram, que nem sequer tem uma central de atendimento telefônica, que não estabelece contato com as pessoas para as quais vende seus serviços e trata a todos nós como números e dados no sistema.”
Descaso da plataforma com a segurança da informação
Recentemente Fabiano teve um problema com suas contas verificadas que foram invadidas, e apesar de realizar todos os procedimentos não obteve nenhuma resposta ou solução por parte do Facebook: “meu perfil verificado no Instagram e no Facebook foram invadidos e a plataforma não me deu nenhum tipo de suporte, mesmo eu realizando todos os procedimentos pela Central de Ajuda. A legislação brasileira deveria valer também para o Facebook, que tem uma filial em São Paulo, logo deveria ter um SAC, já que vende serviços no Brasil. No que se trata da proteção dos nossos dados e da segurança da nossa informação o Facebook já mostrou que não apenas não se importa, como não é uma plataforma totalmente segura.”
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