Um novo relatório, o Arctic Report Card 2024, divulgado em 10 de dezembro, pintou um quadro preocupante das mudanças aceleradas no Ártico. Elaborado por 97 cientistas de 11 países, o documento destaca a transformação da tundra ártica, que passou de um sumidouro de carbono para uma fonte emissora deste gás.
Por milhares de anos, a tundra ártica, com sua vegetação rasteira e o permafrost (solo permanentemente congelado), absorvia e armazenava dióxido de carbono da atmosfera. No entanto, o aquecimento do permafrost, devido ao aumento das temperaturas globais, está causando o degelo e a liberação de gases de efeito estufa, como dióxido de carbono e metano.
De acordo com o estudo, o degelo do permafrost libera grandes quantidades de carbono anteriormente aprisionado, aumentando as emissões de gases de efeito estufa que contribuem para o aquecimento global. A pesquisadora Susan Natali e sua equipe constataram que a região da tundra ártica agora é uma fonte, e não um sumidouro, de dióxido de carbono. A região já era uma fonte de metano devido ao degelo do permafrost.
O relatório também destaca o aumento na frequência e intensidade de incêndios florestais no Ártico, exacerbando a emissão de dióxido de carbono. A estação de incêndios se estendeu, contribuindo significativamente para o problema. O aumento de temperaturas na superfície do oceano, a diminuição da extensão do gelo marinho e a redução da duração da cobertura de neve também foram apontados como fatores preocupantes.
As consequências dessas mudanças são amplas. A diminuição da cobertura de neve afeta a vida de plantas e animais que dependem de padrões sazonais regulares, enquanto a redução do gelo marinho impacta os animais que dependem dele para sobrevivência, como as focas. Além disso, o aumento do tráfego de navios no Ártico, devido ao aumento da temporada de navegação, gera novas preocupações ambientais.
O relatório destaca que 2024 foi o segundo ano mais quente já registrado no Ártico desde o início das medições em 1900, e também o verão mais chuvoso da história. As diferenças regionais acentuadas no clima dificultam o planejamento e a adaptação das comunidades árticas, com algumas áreas experimentando mais neve do que o normal, enquanto outras enfrentam temporadas de neve muito mais curtas.
Populações de focas no Alasca, embora atualmente saudáveis, mostram mudanças em seus hábitos alimentares, com a substituição do bacalhau ártico, mais nutritivo e sensível às mudanças de temperatura da água, pelo bacalhau-safra. Já grandes rebanhos de caribus estão em declínio acentuado, impactando profundamente as comunidades indígenas que dependem desses animais para sua subsistência e cultura. O relatório completo da NOAA oferece mais detalhes sobre essas mudanças e seus impactos.
O relatório enfatiza a urgência em reduzir as emissões de gases de efeito estufa para minimizar os riscos no Ártico e em todo o mundo. A capacidade da paisagem ártica em atenuar as emissões humanas está diminuindo, aumentando a necessidade de cooperação internacional para mitigar as mudanças climáticas e construir resiliência para o futuro.
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