A Nasa desvendou um grande mistério de Marte. Algumas montanhas do planeta vermelho possuem veios estreitos de água salgada líquida escorrendo em suas encostas, revela um estudo divulgado nesta segunda-feira (28) pela Agência Espacial Americana.
Essas formações, que já haviam sido reveladas antes em imagens do planeta, já eram apontadas como possivelmente originadas de salmouras, mas só agora surgiram evidências diretas do fenômeno. Essas “linhas de encosta recorrentes”, tal qual foram batizadas pelos cientistas, são faixas estreitas, com menos de 5 metros de largura, que aparecem durante as estações quentes em certas regiões marcianas. As linhas se alongam durante algum tempo e depois encolhem nas estações frias.
Cientistas não conseguiam confirmar a natureza do fenômeno, porque a resolução das imagens das melhores sondas no planeta não permitia fazer imagens nítidas de estruturas tão estreitas. A hipótese de que as linhas observadas eram salmoura líquida saiu das temperaturas registradas no local no verão marciano, acima de -23°C. Água com alta concentração de sal, com ponto de derretimento mais baixo, pode existir na forma líquida nessa faixa de temperatura.
A prova de que Marte teve água no passado tem sido bem documentada, mas o fato de ainda haver água fluindo no planeta hoje é um grande avanço científico. Calotas polares foram descobertas no planeta há quase quatro décadas, e padrões de erosão na superfície sugerem fortemente que rios e oceanos podem ter existido lá em seus primeiros anos.
No entanto, com baixa gravidade e uma fina atmosfera pensa-se que esta água foi evaporada em grande parte para o espaço, em vez de cair de volta para o planeta como teria feito na Terra. Marte agora é considerado um deserto gelado, ou seja, evidência de mudanças de água e o que os especialistas sabem sobre o planeta podem definir a sua capacidade de abrigar vida agora.
Em particular, encontrar evidências definitivas de água líquida em Marte é a melhor indicação de que a vida pode ter existido uma vez, ou pode ainda vir a existir, em um mundo alienígena.
Um grupo de pesquisadores operando a sonda MRO (Mars Reconnaissance Orbiter) desenvolveu um método para contornar o problema das imagens sem resolução. Lujendra Ojha, do Instituto de Tecnologia da Georgia, e seus colegas conseguiram extrair de imagens com um único pixel os dados espectrais — separação da luz em diferentes frequências — capazes de revelar a composição de substâncias.
As informações obtidas pelos pesquisadores estão de acordo com o espectro de sais minerais hidratados, reforçando a hipótese de que os veios recorrentes são formadas com cristais de sal absorvendo umidade da atmosfera marciana. Estão presentes na solução sais de cloro e oxigênio, como cloratos e percloratos. “Determinar se água líquida existe na superfície marciana é central para a compreensão do ciclo hidrológico e para o potencial da existência de vida em Marte”, esceveu Ojha em estudo publicado hoje na revista “Nature Geoscience”.
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