JWST encontra galáxia ‘Firefly Sparkle’, um retrato da Via Láctea em sua infância

O Telescópio Espacial James Webb (JWST) forneceu imagens detalhadas de uma galáxia em formação, localizada a 13,2 bilhões de anos-luz de distância, apenas 600 milhões de anos após o Big Bang. Apelidada de "Firefly Sparkle", a galáxia oferece um vislumbre sem precedentes de como nossa própria Via Láctea poderia ter se apresentado em sua infância.

A observação detalhada da Firefly Sparkle só foi possível graças à combinação do JWST, o telescópio espacial mais potente já construído, e um fenômeno gravitacional conhecido como lente gravitacional. A intensa gravidade de um aglomerado de galáxias em primeiro plano, situado a 5,3 bilhões de anos-luz, atuou como uma lente cósmica, amplificando a luz fraca da Firefly Sparkle e permitindo sua observação.

As imagens revelaram dez aglomerados estelares distintos dentro da Firefly Sparkle. A astrofísica Lamiya Mowla, do Wellesley College, nos EUA, comentou: "Eu não imaginava que seria possível resolver uma galáxia tão antiga em tantos componentes distintos, muito menos descobrir que sua massa é semelhante à da nossa própria galáxia quando ela estava em formação. Há muita coisa acontecendo dentro dessa pequena galáxia, incluindo diferentes fases de formação estelar."

A análise da Firefly Sparkle permitiu determinar sua massa, similar à da Via Láctea em seus estágios iniciais. A distribuição de cores diferentes nos aglomerados estelares indica que a formação de estrelas não ocorreu simultaneamente, com cada aglomerado representando uma fase distinta de evolução. Esses aglomerados compõem aproximadamente metade da massa total da galáxia.

Além disso, a proximidade de outras duas galáxias, a 6.500 e 42.000 anos-luz de distância respectivamente, sugere uma ligação gravitacional entre as três, indicando uma possível interação gravitacional e até mesmo um processo de fusão – um mecanismo pelo qual muitas galáxias jovens crescem. O astrofísico Yoshihisa Asada, da Universidade de Kyoto, no Japão, declarou: "Há muito tempo se prevê que as galáxias no universo primordial se formam por meio de interações e fusões sucessivas com outras galáxias menores. Podemos estar testemunhando esse processo em ação."

A astrofísica Kartheik Iyer, da Universidade Columbia, nos EUA, descreveu a galáxia: "Nossa reconstrução mostra que aglomerados de estrelas em formação ativa são cercados por luz difusa de outras estrelas não resolvidas. Esta galáxia está literalmente em processo de montagem."

A pesquisa, publicada na Nature, destaca a capacidade do JWST em revelar detalhes sem precedentes sobre a formação de galáxias no universo primitivo. A astrônoma Maruša Bradač, da Universidade de Ljubljana, na Eslovênia, concluiu: "Esta é apenas a primeira de muitas galáxias que o JWST descobrirá. Assim como os microscópios nos permitem ver grãos de pólen de plantas, a incrível resolução do Webb e o poder de ampliação da lente gravitacional nos permitem ver os pequenos pedaços dentro das galáxias. Nossa equipe está agora analisando todas as galáxias primitivas, e os resultados apontam para a mesma direção: ainda temos muito a aprender sobre como essas galáxias primitivas se formaram."