(ANSA) – Cientistas do projeto internacional Event Horizon Telescope (EHT) revelaram nesta quarta-feira (10) a primeira foto de um buraco negro na história.
A existência do fenômeno já havia sido comprovada em 2016, com a descoberta das ondas gravitacionais previstas pela Teoria da Relatividade de Albert Einstein, mas até então não havia uma prova material desses misteriosos objetos cósmicos.
A foto retrata um buraco negro da galáxia Messier 87 (ou M87), distante 55 milhões de anos-luz da Terra. O resultado foi apresentado em uma coletiva de imprensa simultânea em seis lugares do mundo: Bruxelas (Bélgica), Santiago (Chile), Xangai (China), Tóquio (Japão), Taipei (Taiwan) e Washington (EUA).
A imagem inédita foi capturada por uma rede de oito radiotelescópios do projeto EHT, formada justamente para tirar a foto mais sonhada da astrofísica. “Procuramos os buracos negros maiores, como aquele do centro da Via Láctea, chamado Sagitário A, ou da galáxia M87”, explicou à ANSA Luciano Rezzolla, diretor do Instituto de Física Teórica de Frankfurt, na Alemanha, que participou da análise dos resultados.
A massa do buraco negro fotografado é 6,5 bilhões de vezes maior que a do Sol. Na imagem, o fenômeno aparece como um anel vermelho em volta de um centro escuro. “Nos buracos negros supermaciços que ficam no centro das galáxias, a matéria atraída se aquece e, caindo no buraco, emite luz, a qual é observável pelos radiotelescópios”, acrescenta Rezzolla.
Segundo o astrofísico, nessas condições é possível ver a chamada “zona de sombra”, ou seja, a região em que a gravidade é tamanha que nem mesmo a luz consegue escapar. “De dentro dessa superfície, nenhuma informação pode ser trocada com o exterior.
Por esse motivo, os buracos negros são importantes para a física. Seu horizonte de eventos [o ponto a partir do qual é impossível escapar da gravidade do buraco negro] é um limite intransponível para nossa capacidade de explorar o universo”, diz.
Em sua Teoria da Relatividade, publicada há mais de 100 anos, Einstein previu que a matéria atraída para o horizonte de eventos do buraco negro seria deformada, assumindo um tom avermelhado. A primeira prova da existência desse fenômeno havia sido dada em 2016, com a descoberta de ondas gravitacionais provocadas pela fusão entre dois buracos negros.
Também previstas por Einstein, as ondas gravitacionais são ondulações no tecido do espaço-tempo geradas por eventos cósmicos violentos.
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