O Dia Nacional da Consciência Negra é uma data que incentiva a consciência histórica de uma sociedade que vivenciou longamente a escravidão, promovendo reflexões sobre o racismo e seu impacto na sociedade. A discriminação e o preconceito racial são, ainda, emblemáticas da sociedade brasileira.
Segundo Marina Queiroz, Coordenadora da Comissão de Relações Étnico-Raciais do Conselho Regional de Psicologia do RN (CRP-RN), o momento é, para além de trazer reflexões sobre a Consciência Negra, também abordar os efeitos psicológicos do racismo. “Como não se discute muito as formas de racismo, a sociedade questiona sempre que uma situação não é brusca. E isso pode fazer a própria pessoa, que sofre racismo, se autoquestionar, acreditando que o problema é com ela. Em geral, a sociedade acredita que racismo só é quando alguém é chamado de macaco”, explica.
Os desdobramentos do racismo podem afetar o convívio de quem vivencia a discriminação racial na sociedade. “Infelizmente, esta prática tão indelicada e ultrapassada ainda está presente nos dias atuais e precisa muito ser debatida”, disse.
No nosso cotidiano testemunhamos diversos casos ligado à discriminação e o preconceito racial. Pesquisa inédita do Globo Esporte trouxe dados que quase metade dos atletas negros das Séries A, B e C sofreram racismo no futebol. O estudo feito com 163 atletas e treinadores. Mais recentemente, no dia 11 de novembro, os jogadores Taison e Dentinho sofreram durante o jogo entre Shakhtar Donestk e Dínamo Kiev, pelo Campeonato Ucraniano, caso de racismo. Por volta dos 30 minutos do segundo tempo, torcedores do time de Kiev, fizeram ofensas racistas aos brasileiros. “Acho que tá na hora de eu arrumar minhas coisinhas e voltar”, disse Taison sobre o ocorrido.
O racismo tem assumido diversas formas, desde o genocídio e segregação legal até a discriminação racial praticada socialmente, de modo dissimulando ou nem tanto. “Uma pessoa exposta ao racismo pode desenvolver ansiedade, angústia (que pode virar depressão), transtorno de estresse pós traumático e baixa autoestima. Isso pode fazer com que a pessoa deixe de sair pelo medo da discriminação”, completa Marina Queiroz.
Percebemos que o racismo está introjetado na população em geral, e é preciso debater sobre esse tipo de preconceito. O CRP-RN reitera seu compromisso com o combate à discriminação racial e aborda o tema nas mídias sociais da instituição para que a sociedade possa refletir. “Precisa virar tema recorrente no debate social e não restringir a um momento ou data. Vale dizer que a data também representa um chamamento à luta pelo fim do racismo”, destaca Rafael Ribeiro, presidente do CRP-RN.
A Resolução 018/2002 do Conselho Federal de Psicologia define que profissionais da Psicologia devem atuar contribuindo com seu conhecimento para refletir sobre o preconceito e para eliminar o racismo. A resolução do CFP diz, ainda, que profissionais não devem utilizar instrumentos ou técnicas psicológicas para criar, manter ou reforçar preconceitos, estigmas, estereótipos ou discriminação racial.
Sobre o Dia Nacional da Consciência Negra
O Dia Nacional da Consciência Negra é celebrado, no Brasil, em 20 de novembro. Foi incluída e instituída em âmbito nacional mediante a lei nº 12.519, de 10 de novembro de 2011. A data se refere à morte do líder de quilombo Zumbi dos Palmares, ocorrida em 20 de novembro de 1695, símbolo de resistência negra na história do país.
O que é o racismo?
O Racismo é a crença em que uma raça, etnia ou certas características físicas sejam superiores a outras. Pode se manifestar das formas mais corriqueiras, como em comentários, ou imagens estereotipadas e difamatórias, seja em nível individual, ou em nível institucional. É considerado um crime inafiançável, com pena de até 3 anos de prisão.
Leis para crime de Racismo
- Injúria racial Art 140 do código penal
- Lei do crime racial
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