O câncer colorretal ou de intestino atinge cerca de 50 mil pessoas por ano no Brasil. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), ele é o terceiro tipo de câncer mais comum no Brasil e afeta homens e mulheres igualmente.
Até pouco tempo atrás, a doença costumava afetar principalmente idosos, mas uma pesquisa recente revelou que ela se tornou mais comum em jovens. Especialistas acreditam que a mudança de hábitos, como a alimentação inadequada e o sedentarismo, podem estar por trás desse aumento.
O câncer colorretal abrange os tumores que se iniciam na parte do intestino grosso (cólon), no reto (final do intestino) e no ânus. É passível de tratamento e, quando detectado precocemente, costuma ser curável.
De acordo com o professor Paulo Hoff, titular da disciplina de Oncologia do Departamento de Radiologia e Oncologia da Faculdade de Medicina da USP e diretor do Núcleo de Pesquisa do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), a prática de exercícios físicos e uma boa dieta são fundamentais para prevenir o câncer de intestino. Mudança
Em primeiro lugar, entender o motivo para essa mudança no grupo de atingidos pela doença é essencial. “Essa é uma questão de difícil resposta, nós temos um aumento constante da incidência de câncer em termos gerais. Atualmente, nós temos 700 mil novos casos de câncer no País anualmente, há 20 anos nós tínhamos metade desse número. No geral, nós observamos um aumento global nessa incidência”, explica o especialista.
Nota-se também que as diferentes regiões brasileiras não apresentam um cenário socioeconômico igual, o que afeta a frequência do câncer e de outras doenças. “Pensar em regionalização é essencial. Nas regiões Norte e Nordeste, por exemplo, esse tipo de câncer não é tão frequente como em outros espaços do País. Quando você pensa em um projeto de prevenção, é necessário pensar em regionalização”, discorre Hoff.
Prevenção
“Quando pensamos na idade para a realização de uma prevenção ativa, temos que levar em consideração a dificuldade para a realização do exame, o seu custo e a incidência de complicações quando comparados à probabilidade desse exame apresentar um resultado positivo”, avalia o especialista.
Antigamente, a média de idade dos pacientes com câncer de cólon e reto era de 65 anos; por esse motivo, a prevenção começava a ser realizada com indivíduos a partir dos 50 anos. Contudo, com o aumento de casos entre pessoas mais jovens, esse cenário apresentará mudanças. “Acredito que, no Brasil, nós podemos utilizar a regionalização para que, nos locais em que essa doença aparece com maior frequência, os exames preventivos passem a ser realizados a partir dos 40 anos”, esclarece o professor.
Hoff comenta que alguns dos aspectos que parecem estar particularmente influenciando a ocorrência da doença são fatores que envolvem a civilização moderna: “Obesidade, sedentarismo, dietas ricas em alimentos ultraprocessados são alguns desses agentes. As pessoas precisam começar a pensar na prevenção a longo prazo”.
Sintomas
O professor expõe que, no caso do câncer de intestino, o tumor pode se expandir sem a grande presença de sinais, mas alguns dos sintomas que podem ser observados são os seguintes: sangue nas fezes, modificações nos hábitos intestinais, dores abdominais e, em casos avançados, náuseas e vômitos podem estar presentes.
É importante reforçar que a detecção precoce apresenta-se como essencial para o bom resultado no tratamento. Com o avanço da ciência, vem se tornando possível a cura de pacientes também em fase metastática, mas a prevenção e o tratamento desde a fase inicial seguem sendo os melhores caminhos para a cura.
(Com informações do Jornal da USP)
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