O Rio Grande do Norte registra índices alarmantes em relação ao câncer de próstata, com estimativa de mais de 1.450 novos casos anuais dessa neoplasia entre 2023 e 2025, conforme projeções do Instituto Nacional do Câncer (INCA).
Esse número reflete uma prevalência ajustada de 65,96 casos por 100 mil habitantes no estado, evidenciando a necessidade de atenção à saúde masculina no RN e reforçando a importância de campanhas de conscientização como o Novembro Azul.
A situação no Rio Grande do Norte acompanha uma tendência maior no Nordeste, que deve contabilizar mais de 21 mil casos anuais de câncer de próstata até 2025. Dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) apontam que o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens no país, atrás apenas do câncer de pele não melanoma. No geral, o Brasil deve alcançar mais de 71 mil novos casos por ano de 2023 a 2025, representando um aumento de 8,5% em relação às estimativas anteriores, que projetavam 65.840 casos anuais.
Conforme explica Amanda Leite, cirurgiã oncológica e membro da SBCO, homens negros possuem maior risco de desenvolver esse tipo de câncer, o que reflete a prevalência elevada observada no Nordeste, especialmente na Bahia, que registra a maior taxa do país. “Esse é um dos motivos do estado da Bahia ter o maior número de casos não só no Nordeste, mas a nível Brasil. Ainda é desconhecido porque os negros têm maior predisposição ao câncer de próstata”, destaca.
Importância do diagnóstico precoce
A campanha Novembro Azul ganha especial relevância, incentivando os homens do Rio Grande do Norte e de outras regiões a manterem uma rotina de check-ups anuais, dado que o câncer de próstata apresenta evolução silenciosa. Amanda Leite ressalta que “o tumor costuma não apresentar sintomas e, quando apresenta, pode ser confundido com crescimento benigno da próstata. É essencial realizar exames como o PSA e o toque retal, que permitem descobrir a doença em fase inicial.”
Outro aspecto fundamental para a prevenção é a adoção de hábitos saudáveis, como reforça Rodrigo Nascimento, presidente da SBCO. “Além dos exames de rotina, é importante que os homens mantenham uma vida saudável, com alimentação equilibrada, prática regular de atividade física e evitar o tabagismo”, afirma.
Incidência do câncer de próstata no Nordeste
Estado | Casos anuais estimados | Prevalência por 100 mil habitantes |
---|---|---|
Alagoas | 930 | 57,35 |
Bahia | 6.510 | 79,42 |
Ceará | 3.120 | 54,03 |
Maranhão | 2.000 | 55,49 |
Paraíba | 1.650 | 61,16 |
Pernambuco | 2.930 | 57,17 |
Piauí | 1.190 | 78,05 |
Rio Grande do Norte | 1.450 | 65,96 |
Sergipe | 870 | 77,61 |
Fatores de risco e tratamento
Além do diagnóstico precoce, o presidente da (SBCO), Rodrigo Nascimento, ressalta que existem fatores que favorecem a incidência do risco de câncer de próstata, que incluem:
Envelhecimento – O risco de câncer de próstata aumenta com a idade. É mais comum depois dos 50 anos.
Raça – Por razões ainda não determinadas, os negros têm um risco maior de câncer de próstata do que as pessoas de outras raças. Nos negros, o câncer de próstata também tem maior probabilidade de ser agressivo ou avançado.
Histórico familiar – Se um parente de sangue, como pai, irmão ou filho, tiver sido diagnosticado com câncer de próstata, o risco pode aumentar. Além disso, se houver histórico familiar de genes que aumentam o risco de câncer de mama (BRCA1 ou BRCA2) ou um histórico familiar muito forte de câncer de mama, o risco de câncer de próstata pode ser maior.
Obesidade – Pessoas obesas podem ter um risco maior de câncer de próstata em comparação com pessoas consideradas com peso saudável, embora os estudos tenham tido resultados mistos. Em pessoas obesas, o câncer tem maior probabilidade de ser mais agressivo e de retornar após o tratamento inicial.
Tratamento em casos de câncer de próstata
O tratamento para os pacientes com diagnóstico de câncer de próstata varia de acordo com a localização e o estágio da doença. Nem sempre a cirurgia é necessária. Quando a doença é localizada — ou seja, só atingiu a próstata e não se espalhou para outros órgãos —, costuma-se fazer cirurgia e/ou radioterapia. Em alguns desses casos, pode ser proposta a observação vigilante no tumor, também conhecida como vigilância ativa.
Para doença localmente avançada, o indicado é combinar radioterapia ou cirurgia com tratamento hormonal. Já nos casos de metástase (quando o tumor se espalha para outras partes do corpo), o tratamento mais indicado é a terapia hormonal.
Como a escolha do tratamento mais adequado deve ser individualizada, de acordo com a avaliação médica, o cirurgião oncológico é um dos profissionais habilitados para o planejamento terapêutico e cirúrgico do câncer de próstata. De acordo com a SBCO, juntamente à uma equipe multidisciplinar, este especialista poderá definir qual é a melhor, mais segura e eficaz conduta para cada paciente.
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