Quando se fala na produção de biocombustíveis, é comum a associação com vegetais oleaginosos como a mamona e o girassol. No entanto, Graco Aurélio Câmara de Melo Viana, professor e diretor do Centro de Biociências (CB) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), tem desenvolvido projeto em parceria com a Petrobras, mostrando que as microalgas obtêm alta produtividade como matéria-prima para biocombustíveis e representam uma alternativa na geração de energia limpa para o Brasil e, principalmente, para o Rio Grande do Norte.
Intitulada “Cultivo de microalgas para produção de biodiesel”, a iniciativa é inédita no Nordeste brasileiro e desenvolve a produção vegetal em larga escala na estrutura do Centro Tecnológico de Aquicultura (CTA) – Fazenda Samisa, no município de Extremoz.
“A alta produtividade é uma das principais características das microalgas, que, além disso, utilizam em seu cultivo áreas marginalizadas para produção de biocombustíveis”, afirma Graco Aurélio, coordenador do projeto, ressaltando ainda que é uma iniciativa de ponta que insere o Estado no contexto nacional na área de Aquicultura e biocombustíveis.
Em relação à produção de óleos em laboratórios, as microalgas oferecem um rendimento pelo menos 15 vezes maior do que a palma, oleaginosa mais produtiva atualmente. Com isso, a extração do biodiesel a partir desse procedimento se apresenta como uma alternativa vantajosa.
Além disso, a área ocupada no seu cultivo é 100 vezes inferior à das culturas tradicionais. Em média, são utilizados apenas 2.500 hectares para abastecer uma refinaria de 250 mil toneladas, enquanto são necessários 500 mil hectares de soja e 250 mil de girassol para produzir a mesma quantidade de óleo.
Projeto piloto está em desenvolvimento na UFRN
A planta piloto do projeto ocupa uma área com mais de três mil metros quadrados. Em laboratórios comuns, o trabalho é feito em garrafões de até 20 litros, mas os tanques fotobiorreatores do CTA, em que as microalgas são cultivadas, armazenam uma capacidade útil de quatro mil litros. Toda essa infraestrutura gera uma produção de 500 quilos de biomassa por mês, quantidade suficiente para fabricar aproximadamente dois mil litros de biodiesel.
Diante dos esforços globais por uma sociedade sustentável, a busca por combustíveis menos degradantes para a atmosfera é uma questão urgente. Nos grandes centros urbanos, principalmente, o carvão mineral e os derivados do petróleo (gasolina e diesel) são fontes importantes de poluição.
Em Curitiba, testes feitos em ônibus do transporte coletivo movidos totalmente a biodiesel mostram que houve redução de 30% no índice médio de monóxido de carbono e queda de 25% de fumaça expelida no ar. Indagado sobre a possibilidade de, no futuro, a utilização dos biocombustíveis ser maior do que o consumo dos combustíveis fósseis, Graco Aurélio responde que “com as crescentes questões de conflitos entre nações e outras problemáticas que envolvem o petróleo, os biocombustíveis se apresentam como um clamor da sociedade mundial por um modo de vida sustentável”.
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