Rio Grande do Norte

Pesquisadores identificam óleo nos parrachos de Pirangi

Manchas de óleo em corais e sedimentos marinhos foram encontradas nos parrachos de Pirangi do Sul, litoral leste do Rio Grande do Norte, durante trabalho de campo realizado pelo grupo do Laboratório de Geologia e Geofísica Marítima e Monitoramento Ambiental da UFRN. A avaliação aconteceu no ambiente recifal e suas adjacências estendendo-se cinco quilômetros costa afora entre o estuário do Rio Pium e o mar, onde foram coletadas 30 amostras de sedimentos do fundo marinho para estudos posteriores, que servirão para diagnosticar os impactos causados nas condições ambientais que suportam a vida marinha.

A presença de óleo foi identificada em corais a três metros de profundidade. “Esse é um alerta importante, pois aparentemente o óleo não está mais apenas na superfície. É necessário um estudo mais detalhado para verificar se o produto está em profundidades e dimensões maiores”, destaca a coordenadora do laboratório, Helenice Vital, ao adicionar que as preocupações dos órgãos ambientais devem ser concentradas também na região marinha e não apenas na linha de costa do Nordeste, de onde já foram recolhidas quase 200 toneladas de resíduos de óleo, segundo a Petrobras.

Sobre o óleo encontrado nos corais, ainda não é possível afirmar que seja o mesmo da costa, pois sua procedência ainda deve ser verificada por análises químicas, como a refletância de vitrinita. No entanto, segundo os pesquisadores, a presença do material é recente, visto que não foi identificado em amostras coletadas há menos de um ano pela mesma equipe. O trabalho de campo foi conduzido pela pesquisadora visitante do Programa de Pós-Graduação em Geodinâmica e Geofísica (PPGG/UFRN) Patrícia Eichler, do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul).

Juntamente com alunos de mestrado e doutorado do Programa de Pós-Graduação em Geodinâmica e Geofísica (PPGG/UFRN), a docente observou in loco que também apareceram manchas escuras nos sedimentos – material de areia, lama e fragmentos de organismos vivos localizados na superfície do fundo do mar. A presença do óleo foi observada tanto na camada superficial como interna, situação que pode impedir trocas gasosas e provocar alterações no pH essencial para a vida dos seus habitantes da superfície, chamada de epifauna, e do interior do sedimento, a infauna. Entre eles estão os foraminíferos, microrganismos utilizados para prospecção de petróleo e como parâmetro de avaliação dos impactos ambientais, cuja mortalidade provoca um desequilíbrio geral na vida marinha.

“O fim da infauna acarreta a perda completa daquele ecossistema como um todo. Lá estão os consumidores primários da cadeia alimentar e sem eles não temos os consumidores secundários, e por aí vai. Quando há um problema na base, teremos em toda a cadeia ecológica, que vai chegar ao homem”, ressalta Patrícia Eichler. Os foraminíferos também estão presentes nos corais, onde o óleo absorvido compromete as trocas gasosas e a alimentação e, consequentemente, provoca a morte desse organismo, que abriga uma diversidade de espécies marinhas.

A qualidade ambiental poderá ser avaliada a partir das espécies de foraminíferos encontrados nas amostras coletadas, em que também estão fragmentos de corais. Coordenador do projeto Ciências do Mar II, responsável pelo trabalho de campo, o professor Moab Praxedes explica que, por meio do estudo, será possível entender a real sensibilidade do ambiente e o impacto do óleo já identificado nas 30 amostras levadas para a UFRN. Para o docente, isso significa que o produto pode estar presente em uma área muito maior. “Há urgência para identificar a magnitude do impacto e, dessa forma, ser elaborado um planejamento de medidas mitigadoras tanto para remoção quanto para o monitoramento e recuperação do ambiente”, orienta.

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Rafael Nicácio

Co-fundador e redator do Portal N10, sou responsável pela administração e produção de conteúdo do site, consolidando mais de uma década de experiência em comunicação digital. Minha trajetória inclui passagens por assessorias de comunicação do Governo do Estado do Rio Grande do Norte (ASCOM) e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), onde atuei como estagiário.Desde 2013, trabalho diretamente com gestão de sites, colaborando na construção de portais de notícias e entretenimento. Atualmente, além de minhas atividades no Portal N10, também gerencio a página Dinastia Nerd, voltada para o público geek e de cultura pop.MTB Jornalista 0002472/RNE-mail para contato: rafael@oportaln10.com.br

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