A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) está concorrendo ao prêmio da Agência Nacional de Petróleo (ANP) de inovação tecnológica com a pesquisa produção de biodiesel avançado proveniente de algas nativas com captura intensiva de gás carbônico. Em outras palavras, a pesquisa mostra o uso e a vantagem das microalgas na produção de biocombustível comparadas a outros vegetais oleaginosos, a exemplo do girassol.
O biocombustível é feito a partir de material vegetal que não passou pelo processo de fossilização, sendo usado na combustão interna de motores ou para geração de energia, uma alternativa limpa e que não gera poluentes. Etanol, biodiesel, biogás, biomassa e biometanol são exemplos desse tipo de combustível.
Agora, esse time poderá ganhar mais uma companhia: o biocombustível de microalgas. A ideia nasceu em 2009, por meio de uma colaboração entre a Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn), Petrobrás e a UFRN. O projeto enfrentou algumas dificuldades em meados de 2012, correndo o risco de ser encerrado. Até então, o que havia de concreto era a existência da planta piloto na Fazenda Samisa, no município de Extremoz.
Após um redirecionamento, o projeto voltou a caminhar, trabalhando para produzir biomassa de microalgas, a partir de um contrato firmado entre a Universidade e a Petrobrás, para produzir biodiesel. Atualmente essa biomassa é enviada para duas instituições parceiras da UFRN, que também disputam o prêmio, para produzir os primeiros litros de combustível: a Universidade Federal de Viçosa (UFV), em Minas Gerais, e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Mas, afinal de contas, o que a microalga tem de tão especial? “É a produtividade e o ciclo. Ela tem uma produtividade cinquenta vezes maior do que a soja, isso você compara em todos os estudos, e a velocidade de cada colheita. Entre a semente e a colheita, demora entre 15 e 20 dias. Nós tiramos 50 kg de biomassa de cada tanque de vinte metros cúbicos”, destaca o professor Graco Aurélio Viana, diretor do Centro de Biociências da UFRN e coordenador do projeto na Universidade.
A área total da planta piloto é de 5 mil metros quadrados, com um sistema de produção de biomassa com 8 raceways; 6 de 4 mil litros e 2 de 20 mil litros, produzindo em média 100 kg por colheita. Para se ter uma ideia, a área utilizada no cultivo das microalgas corresponde a um cento da maioria das culturas. O combustível ainda não passou por testes, mas quando for para as universidades parceiras para produzir os primeiros litros de biodiesel, deve ser testado em um automóvel que está à espera no Campus Central da UFRN.
O fato de a Universidade estar concorrendo ao prêmio da ANP, segundo o professor, tem um valor muito importante: “Só em estarmos disputando um prêmio dessa natureza já nos deixa satisfeitos. Quando olhamos para trás, para as dificuldades que enfrentamos, e vemos a nossa evolução, ficamos felizes. Disputar esse prêmio é uma grande conquista. Porque, na pior das hipóteses, ficaremos com o terceiro lugar”, comenta.
Ao todo, dez pessoas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte estão envolvidas no projeto, entre coordenador, bolsistas e auxiliar de serviços gerais. A premiação da Agência Nacional de Petróleo a qual a UFRN concorre tem como objetivo identificar os melhores resultados dos projetos de pesquisa e inovação na área petroquímica do país. A edição deste ano contempla cinco categorias, classificadas por tema e tipo de executor. A divulgação dos vencedores deve acontecer ainda este mês, no Palácio do Itamaraty, em Brasília.
Quer receber as principais notícias do Portal N10 no seu WhatsApp? Clique aqui e entre no nosso canal oficial.