Dois graves casos de violência policial chocaram São Paulo em menos de 24 horas. Um homem foi jogado de uma ponte na Cidade Adhemar, zona sul da capital, durante uma abordagem policial. Em outro incidente, na região do Jardim Prudência, também na zona sul, um policial militar de folga matou a tiros um rapaz de 26 anos que havia furtado um mercado.
Primeiro caso: Homem jogado de ponte
Na madrugada de segunda-feira (2), policiais militares do 24º Batalhão (Diadema) abordaram duas pessoas em uma motocicleta. Após a dupla se recusar a parar, uma perseguição foi iniciada. Um dos indivíduos foi detido, enquanto o outro foi jogado de uma ponte. A Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que o homem jogado da ponte estaria vivo, mas ainda não havia sido localizado pela Corregedoria da Polícia Militar até o fechamento desta reportagem. A SSP também anunciou o afastamento de dois sargentos e 11 cabos e soldados do 24º Batalhão até o fim das investigações. Todos os policiais envolvidos usavam câmeras corporais, e as imagens serão analisadas.
Segundo caso: Morte após furto
Gabriel Renan da Silva Soares, 26 anos, foi morto com 11 tiros nas costas por um policial militar de folga após furtar produtos de limpeza em um supermercado no Jardim Prudência. O policial, Vinícius de Lima Britto, alegou legítima defesa. A SSP afirma que parentes da vítima foram ouvidos e que as investigações prosseguem para identificar uma testemunha que teria esbarrado em Soares durante sua fuga. O PM foi afastado de suas funções enquanto o caso é investigado. A secretaria também declarou que, caso as apurações indiquem responsabilidade criminal, medidas administrativas serão tomadas, incluindo a possibilidade de exclusão da instituição.
Reações às ocorrências
O secretário de Segurança Pública do Estado, Guilherme Derrite, publicou uma nota em redes sociais afirmando que anos de legado da PM não podem ser manchados por condutas antiprofissionais. Ele declarou: “Policial não atira pelas costas em um furto sem ameaça à vida e não arremessa ninguém pelo muro. Pelos bons policiais que não devem carregar fardo de irresponsabilidade de alguns, haverá severa punição”. O governador Tarcísio de Freitas também se manifestou, prometendo uma investigação rigorosa e punição dos responsáveis.
A Ouvidoria da Polícia de São Paulo também emitiu uma nota criticando duramente as ações dos policiais. O ouvidor Claudio Silva declarou, em trechos da nota:
- “O primeiro caso, já tratado por esta Ouvidoria, sobre a morte de Gabriel Renan da Silva Soares… desmonta a versão oficial com os vídeos mostrando o jovem negro sendo executado com 11 tiros pelas costas por policial militar supostamente de folga, mas que evidentemente poderia estar ali em “bico” não oficial, o que é proibido. As investigações nos dirão o que o policial efetivamente fazia naquele local.”
- “No segundo caso, imagens mostram um policial militar jogando um homem do alto de uma ponte na zona Sul em São Paulo na madrugada desta segunda-feira. Os demais PMs presentes na ocorrência, que poderiam atuar para que o inexplicável gesto não ocorresse, nada fazem no entanto.”
- “Os dois casos, com desfechos tristes e evitáveis, são eloquentes quanto ao descontrole da tropa, aliado à sensação de impunidade que reveste esses agentes – resta perguntar quem a outorgou, pois sabe-se que na PM a hierarquia é o principal dogma.”
As investigações sobre ambos os casos estão em andamento.
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