A disputa interna entre Fábio Faria (Comunicações) e Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) para obter apoio do presidente Jair Bolsonaro em uma candidatura ao Senado, pelo Rio Grande do Norte, pode estar perto do seu fim. “Os dois ministros querem o Senado, né? Vamos ver se chegam num acordo. Se os dois disputarem, fica muito difícil. São dois quadros excepcionais do Rio Grande do Norte”, afirmou Bolsonaro.
Em entrevista a “Sidys TV”, de Currais Novos, o presidente elogiou o trabalho dos dois ministros, mas sem querer demonstrar sua preferência. “O Fábio Faria faz um excelente trabalho, inclusive na condução do leilão do 5G. A partir de meados desse ano, creio que metade das capitais brasileiras já terão a tecnologia do 5G já funcionando. E o Rogério Marinho, obviamente, é um homem que tem um trabalho fantástico no tocante à transposição do Rio São Francisco, levando água para toda a região Nordeste e o RN que, obviamente, não foi esquecido”, disse.
Bolsonaro tenta montar um palanque competitivo para recebê-lo em um reduto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Nordeste. Uma solução para o impasse defendida por caciques do PP é de que Faria seja indicado para a vaga de vice-presidente na chapa de Bolsonaro à reeleição. Faria contemplaria pelo menos dois requisitos impostos pelo presidente para o substituto de Hamilton Mourão no pleito de 2022: lealdade e ser do Nordeste, calcanhar de Aquiles eleitoral de Bolsonaro. Na região, ele desponta até 20 pontos atrás de Lula.
Pelo menos 12 ministros devem deixar o governo até o final de março para concorrer na próxima eleição, mas, segundo Bolsonaro, já está “praticamente acertado” quem os substituirá.
Cada ministro produziu um relatório sobre o trabalho de cada pasta nos últimos três anos. A desincompatibilização do cargo, segundo o Tribunal Superior Eleitoral, deve ocorrer seis meses antes da eleição: este ano, até 2 de abril.
“Cada ministro já fez um relatório do que foi feito nos últimos três anos. Nós vamos continuar trabalhando sem parar. No final de março, devemos ter 12 ministros que vão concorrer a cargos eletivos pelo Brasil e já está praticamente acertado quem os substituirá. E continuarão mantendo o mesmo ritmo”, disse Bolsonaro na entrevista.
Comentando a eleição presidencial, Bolsonaro disse que a eleição não será “difícil” para o povo brasileiro. Segundo ele, a eleição será uma comparação entre seus quatro anos no cargo com 14 anos de governos petistas que, segundo o presidente, são marcados pelo engano e pela corrupção.
“Não vai ser uma eleição difícil para o povo brasileiro. Vocês vão poder comparar praticamente quatro anos do meu governo com 14 do PT. Lá atrás, marcado por promessas, ilusões e um governo com muita corrupção e sem perspectiva de futuro. E o nosso, nós temos mostrado o que tem sido feito ao longo desse tempo. Então não acho que vai ser difícil a população escolher em outubro quem ela quer para comandar nosso país”, disse.
Os ministros que devem deixar seus cargos até o final de março são:
- Tereza Cristina (DEM), da Agricultura
- João Roma (Republicanos), da Cidadania
- Fábio Faria (PSD), das Comunicações
- Rogério Marinho (PL), do Desenvolvimento Regional
- Tarcísio de Freitas (sem partido), da Infraestrutura
- Anderson Torres (sem partido), da Justiça e Segurança Pública
- Damares Alves (sem partido), da Mulher, Família e Direitos Humanos
- Marcelo Queiroga (sem partido), da Saúde
- Flávia Arruda (PL), da Secretaria de Governo
- Onyx Lorenzoni (DEM), do Trabalho e Emprego
- Gilson Machado (sem partido), do Turismo
- Marcos Pontes (PSL), da Ciência e Tecnologia.
Estratégias
Enquanto o impasse persiste, ambos tentam agrupar em torno de si o máximo de lideranças locais. Um dos principais aliados de Marinho é o prefeito de Natal, Álvaro Dias, que se reelegeu no primeiro turno em 2020. Ele ingressou no PSDB pelas mãos do ministro, que já integrou os quadros da legenda. Agora, Dias é cortejado pela direção do PL para seguir os passos do aliado que ingressou na legenda junto com Bolsonaro.
Os aliados locais de Marinho buscam um palanque de fôlego para abrigar o presidente e o ministro. Recentemente, o prefeito de São Tomé (RN) e presidente da federação de municípios potiguares, Babá Pereira (Republicanos), lançou a pré-candidatura do deputado federal Benes Leocádio (Republicanos) ao governo estadual.
Leocádio foi o deputado federal mais votado no Estado em 2018. De acordo com o Valor Econômico, contudo, o parlamentar se reuniu na semana passada com o presidente do Republicanos, Marcos Pereira, e o líder da bancada, deputado Hugo Motta (PB), e reafirmou a intenção de se reeleger deputado federal.
No grupo de Marinho, também surgiu como cotado para o governo o nome do presidente da Assembleia Legislativa, Ezequiel Ferreira (PSDB). Segundo seus assessores, entretanto, o tucano tem agradecido a lembrança do nome para concorrer ao governo, mas tem reafirmado a disposição de buscar novo mandato de deputado estadual.
Em outra frente, Faria conquistou o apoio de outra importante liderança local, o prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra (Solidariedade). Mossoró é a segunda cidade mais relevante do Estado, depois de Natal, e agrega para o ministro uma parcela dos votos do interior.
A ironia é que Bezerra é adversário da ex-prefeita Rosalba Ciarlini, liderança local do PP. Faria já avisou à imprensa local que, uma vez no PP, não irá se alinhar a Rosalba.
Faria tem dialogado com Carlos Eduardo, que se não recuar da postulação ao governo, pode lhe franquear a vaga de candidato ao Senado na chapa pedetista.
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