Em parceria com uma Universidade francesa, cientistas potiguares estão pesquisando o desenvolvimento de novos medicamentos para o tratamento de câncer por via oral utilizando o óleo da copaíba (árvore nativa da Amazônia) em associação com o paclitaxel (fármaco usado no tratamento dos tumores).
Os resultados foram publicados no artigo científico internacional “Mucoadhesive paclitaxel-loaded chitosan-poly (isobutyl cyanoacrylate) core-shell nanocapsules containing copaiba oil designed for oral drug delivery” de autoria do Prof. Dr. Francisco Humberto Xavier Júnior, do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia da UnP (PPGB-UnP) em parceria com a Université de Paris Sud, Institut Galien Paris-Sud (clique aqui para acessar a publicação).
Este artigo representa um trabalho multicêntrico entre universidades brasileiras – a Universidade Potiguar e a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) – e a instituição francesa. Nesta parceria, nanocápsulas mucoadesivas contendo óleo de copaíba e paclitaxel foram desenvolvidas. O projeto visa produzir um sistema inovador capaz de fazer a entrega seletiva de fármacos a células cancerígenas, assim reduzindo os efeitos tóxicos e aumentando a eficácia terapêutica dos medicamentos.
Novas terapias
A motivação desta pesquisa encontra-se no interesse crescente para uso de medicamentos anticancerígenos por via oral, os quais, na atualidade, ainda são administrados essencialmente pela via parenteral. “No entanto, o desafio para a produção de uma terapia farmacológica efetiva e confortável ao paciente, é limitada por problemas relacionados às propriedades físico-químicas do fármaco, fatores fisiológicos e as formas farmacêuticas que reduzem a biodisponibilidade oral do medicamento”, explica o Prof. Humberto Xavier.
“O objetivo deste trabalho foi desenvolver um sistema nanotecnológico bioadesivo, tipo um “cavalo de troia”, que seria dado de ‘presente’ para células cancerígenas. Assim, após se fixar na superfície das células tumorais, o nanossistema começa a liberar o fármaco e óleo terapêutico, que facilita a maior absorção do medicamento pelas células-alvos. Assim, é possível driblar a maquinaria de resistência das células cancerígenas, que não reconhecem os agentes antineoplásicos que se encontram encapsulados e ‘protegidos’ do reconhecimento celular. O resultado disso tudo, é que o fármaco é finalmente capturado pelas células cancerígenas culminando na redução do tumor”, complementa.
Produtos
Ele detalha que, embora trate-se de um estudo preliminar, os resultados são encorajadores para obtenção de um produto clínico a base de nanocápsulas bioadesivas para administração oral de paclitaxel. Ainda, neste novo tratamento para câncer, um possível efeito anticancerígeno sinérgico com os componentes terapeuticamente ativos encontrados no óleo de copaíba poderia ser esperado.
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