Durante a última semana, as auroras boreais, também conhecidas como Luzes do Norte, foram registradas em países onde o fenômeno não é tão comum. Da Europa à Ásia, centenas de imagens foram gravadas e compartilhadas nas redes sociais, surpreendendo os fãs das auroras que geralmente precisam viajar para países do Ártico para visualizá-las.
Desde fevereiro, as Luzes do Norte foram vistas em diversos países, incluindo Inglaterra, Bélgica, Holanda, Alemanha, Polônia, Estônia, Canadá e grande parte dos Estados Unidos.
A atividade solar está diretamente relacionada com o fenômeno das auroras boreais, e o caçador de aurora boreal brasileiro Marco Brotto explicou que uma série de fatores favoráveis culminou em uma incrível atividade auroral, permitindo que as auroras fossem vistas em países fora da zona auroral.
“Estamos nos aproximando de uma máxima solar, que é um período de intensa atividade do sol, com aumento no número e tamanho de manchas e erupções. Essa atividade está, no momento, muito intensa e ainda não podemos dizer se ela já chegou ao pico e começará uma decadente ou se continuará se intensificando ainda mais”, detalha Brotto.
Atividade solar
A união de fatores importantes como a presença de buracos coronais geoativos no sol, quando o campo magnético se abre, permitindo que o vento solar flua para fora em velocidades mais altas, e explosões solares intensas, potencializam a ampla visualização das auroras. Quando o plasma emitido pelo buraco coronal chega à Terra, seguido por explosões, ocorre um forte impacto na atmosfera terrestre, deslocando o campo magnético para o sul e levando as auroras a latitudes mais baixas, chegando próximo de 45 graus.
A máxima solar é um período de grande interesse para os cientistas que estudam o sol e seu efeito na Terra. As erupções solares, que fazem parte desse período, lançam grandes quantidades de partículas na direção da Terra, conhecidas como vento solar.
Quando essas partículas atingem a atmosfera terrestre, são direcionadas para as regiões polares, onde seu encontro com moléculas da nossa atmosfera faz com que liberem energia em forma de luz, resultando na exibição das auroras boreais.
O especialista acredita que, pelas características das últimas erupções solares, a atividade solar seguirá crescendo por mais um ou dois anos – lembrando que os ciclos de atividade solar têm em média 11 anos. Ele destaca que isso não interfere na possibilidade de visualização das auroras boreais na Terra e que as auroras sempre acontecerão, especialmente na região do Ártico. No entanto, a alta solar traz a possibilidade não tão comum de visualização em lugares onde as Luzes do Norte não são tão frequentes.
Brotto acrescenta que a quantidade de buracos coronais é um fator importante para a visualização das auroras e que essa quantidade é maior nas mínimas solares. Portanto, mesmo durante todo o ciclo solar, é possível observar as auroras boreais, mas em diferentes intensidades e frequências, dependendo da quantidade de buracos coronais presentes.
No entanto, o aumento da atividade solar também pode trazer algumas consequências negativas para a Terra, como interrupções na comunicação por satélite, falhas em sistemas de navegação e energia elétrica, além de aumentar a exposição dos astronautas à radiação espacial durante missões espaciais.
Por isso, monitorar a atividade solar é essencial para prever e mitigar possíveis impactos na Terra. Diversos órgãos e instituições em todo o mundo fazem o monitoramento contínuo do Sol e de suas erupções solares, como o Observatório Solar Nacional nos EUA, o Observatório de Dinâmica Solar da NASA e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) no Brasil.
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