Não é novidade para os brasileiros que a segurança pública enfrenta atualmente um problema a nível nacional, fato que também se reflete dentro dos campi universitários. Neste contexto, as principais vítimas são as mulheres.
De acordo com uma pesquisa realizada em 2015 pelo Instituto Avon, com 1.823 estudantes das cinco regiões do país, 67% das mulheres já sofreram algum tipo de violência no ambiente universitário.
Motivadas pela necessidade de propor ideias para o combate e a prevenção da violência nas universidades, estudantes do curso de bacharelado em Design, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), desenvolveram um projeto de protótipos de aeronaves para acompanhar mulheres que circulam no campus universitário.
A ideia é que a pessoa baixe um aplicativo e quando ela sentir a necessidade de recorrer a aeronave, acioná-la. “O drone viria até a localização dela e a acompanharia no seu trajeto. A ideia é que também tenha uma central de controle monitorando essas imagens”, explica Gabriela Flor, estudante do curso de Design.
O nome do projeto é Aedes, sigla para Aeronave de Defesa Social. O projeto foi desenvolvido durante um semestre por 36 estudantes da disciplina Projeto de Produto V, cujo tema é Design Aeroespacial. Divididos em equipes, eles desenvolveram 10 protótipos de aeronaves.
Protótipo Manta Ray
Entre os protótipos desenvolvidos, um deles é o da aeronave Manta Ray, de autoria das estudantes Gabriela Flor, Larissa Alves, Luísa Castim e Marina Amaral. Segundo elas, a preocupação foi desenvolver uma aeronave que consiga funcionar sem a supervisão humana e que possua sensores anticolisão e iluminação de identificação, para que a estudante que o solicitou reconheça facilmente a sua presença.
Para compor o design do protótipo, elas se baseiam na anatomia das arraias, seguindo o conceito da Biomimética, uma área da ciência que estuda as estruturas biológicas para auxiliar na concepção de projetos de engenharia e design.
“A parte de finalização do design teve um conceito cyberpunk para sair do padrão, chamar mais atenção e para assustar. Isso se alia à ideia do Aedes, que é proteger as estudantes e assustar o assediador ou ladrão. O protótipo utiliza também luminárias vermelhas, e isso pode intimidar o agressor que esteja a sua volta”, descreve Mariana Amaral, estudante do curso de Design.
O Desafio
Para muitos estudantes da disciplina, participar do projeto proporcionou o primeiro contato com tecnologia aeroespacial. “Muita gente não associa o curso de Design a protótipo de aeronave. O interessante dessa disciplina é mostrar que design é projeto, e que a gente vai contribuir com desenvolvimentos e questões mais tecnológicas também para serem aplicados na sociedade”, destaca Marina.
Segundo o professor Dino Lincoln Figueirôa, que está à frente do projeto, mesmo com o pouco tempo que os estudantes tiveram para se familiarizar com a área e desenvolver protótipos, os resultados foram satisfatórios.
“O que eu acho mais interessante é que, como uma instituição pública, os alunos estejam projetando coisas que tragam algum retorno para a sociedade. O que eles fizeram em praticamente três meses é algo excepcional. Eventualmente, num desdobramento de um projeto como esse, podem sair coisas muito interessantes”, comemora o professor.
Premiações
O projeto de Aeronave de Defesa Social (Aedes) foi premiado no VIII Fórum de Pesquisa e Inovação da Barreira do Inferno, que aconteceu de 15 a 19 de outubro, como melhor trabalho de inovação aeroespacial.
O protótipo Manta Ray foi selecionado para ser apresentado no 13º Congresso Pesquisa e Desenvolvimento em Design, evento mais relevante da área no país, que acontece de 5 a 8 de novembro, na cidade de Curitiba.
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