O padre José Eduardo de Oliveira e Silva, da Diocese de Osasco, São Paulo, está entre os 37 indiciados pela Polícia Federal (PF) no inquérito que investiga uma tentativa de golpe de Estado. O relatório foi apresentado ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e aponta a participação do sacerdote no chamado “núcleo jurídico” da suposta trama.
De acordo com a investigação, o padre teria participado de uma reunião no dia 19 de novembro de 2022, em Brasília. Segundo a PF, o encontro contou com a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), do ex-assessor internacional Filipe Martins e do advogado Amauri Feres Saad, todos também indiciados. Os registros de entrada e saída do Palácio do Planalto confirmam a presença de José Eduardo na sede do governo federal nessa data.
A reunião, segundo o relatório da operação Tempus Veritatis, teria como objetivo discutir estratégias para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva, eleito presidente nas eleições de outubro de 2022. Como parte das tratativas, o núcleo jurídico teria explorado medidas para desestabilizar a ordem democrática.
Medidas cautelares impostas ao padre
Após a deflagração da operação, o religioso foi alvo de medidas cautelares determinadas pela Justiça. Entre elas, a entrega de seus passaportes e a proibição de manter contato com os demais investigados. Além disso, José Eduardo foi acusado de participar da criação e disseminação de fake news, utilizando um site com seu nome, conforme destacou o ministro Alexandre de Moraes.
“José Eduardo possui um site com seu nome no qual foi possível verificar diversos vínculos com pessoas e empresas já investigadas em inquéritos correlacionados à produção e divulgação de notícias falsas“, consta no relatório.
O padre já era investigado desde fevereiro, quando foi alvo de busca e apreensão no âmbito da operação Tempus Veritatis.
Reação e postagens nas redes sociais
Após o avanço das investigações, José Eduardo publicou em suas redes sociais uma imagem que chamou atenção: uma foto ao lado de uma mulher em estado terminal, acompanhada de um texto com tom reflexivo sobre seu ministério.
“Essa é uma das doentinhas que eu mandei pro céu há alguns anos. O lindo do ministério é o que nenhuma mídia vê: é o espetáculo maravilhoso da redenção“, escreveu.
Além das postagens religiosas, o sacerdote ganhou notoriedade nas redes sociais por suas opiniões polêmicas, especialmente relacionadas à diversidade de gênero e à educação sexual, temas contra os quais frequentemente se manifestava.
Defesa e histórico
Nascido em Piracicaba, no interior de São Paulo, José Eduardo mudou-se para Osasco, onde ingressou na Diocese em 2006. Doutor em Teologia Moral pela Universidade de Santa Cruz, em Roma, o padre rejeitou as acusações. Em nota, afirmou:
“Abaixo de Deus, em nosso país, está a Constituição Federal. Portanto, não cooperei nem endossei qualquer ato disruptivo da Constituição“.
Até o momento, o sacerdote não respondeu aos pedidos de posicionamento realizados pela imprensa, incluindo a equipe do Portal N10. O espaço segue aberto para manifestações.
Caso seja considerado culpado, José Eduardo pode enfrentar graves consequências legais. A tentativa de subversão da ordem democrática está prevista no Código Penal e pode resultar em penas que incluem reclusão e pagamento de multas. A participação na disseminação de fake news também é passível de punição, especialmente quando associada a crimes contra a segurança nacional.
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