O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) se reúne hoje para decidir o novo valor da taxa básica de juros, a Selic. A expectativa do mercado, segundo o boletim Focus, aponta para um aumento de 0,75 ponto percentual, elevando a Selic de 11,25% para 12% ao ano. Esta seria a terceira alta consecutiva da taxa.
A decisão ocorre em meio a pressões inflacionárias, impulsionadas principalmente pela alta do dólar e dos preços de alimentos. O último dado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial, registrou 0,39% em novembro, desacelerando em relação a meses anteriores, mas ainda acima da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
A reunião de hoje marca o último encontro do Copom sob o comando de Roberto Campos Neto. Em janeiro, Gabriel Galípolo assume a presidência do BC. O Copom vem monitorando a política fiscal e demandando ajustes nos gastos públicos, conforme explicitado em comunicado anterior. A incerteza na conjuntura econômica dos Estados Unidos, especialmente em relação ao ritmo da desinflação e à postura do Federal Reserve (Fed), também está sendo considerada.
Historicamente, a Selic passou por um período de estabilidade em 13,75% ao ano entre agosto de 2021 e agosto de 2022. Posteriormente, houve seis cortes de 0,5 ponto e um corte de 0,25 ponto entre agosto de 2022 e maio de 2024. A taxa permaneceu em 10,5% ao ano entre junho e julho de 2024, antes do início da atual trajetória de alta.
A ata da última reunião do Copom indicou a possibilidade de um prolongamento do ciclo de alta da Selic, ressaltando a necessidade de uma política monetária contracionista para controlar a inflação. Embora os membros do colegiado tenham concordado com um aumento gradual, o contexto de incertezas internas e externas reforça a cautela na tomada de decisões. A estimativa de inflação para 2024, de acordo com o último boletim Focus, subiu de 4,71% para 4,84% nas últimas quatro semanas, ultrapassando o teto da meta de 4,5%.
Vale lembrar que a Selic serve como referência para as demais taxas de juros da economia e é o principal instrumento do Banco Central para controlar a inflação. Aumentos na Selic tendem a encarecer o crédito e estimular a poupança, podendo frear a expansão econômica. Reduções, por outro lado, podem tornar o crédito mais barato, incentivando a produção e o consumo, mas com o risco de aumentar a inflação. O Copom se reúne a cada 45 dias para analisar a conjuntura econômica e definir a taxa Selic. A meta de inflação para 2024, definida pelo CMN, é de 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
O último Relatório de Inflação do Banco Central, divulgado em setembro, projetava o IPCA em 4,31% para 2024, mas essa estimativa foi feita antes da recente alta do dólar e dos impactos da seca. Um novo relatório será divulgado em dezembro.
Quer receber as principais notícias do Portal N10 no seu WhatsApp? Clique aqui e entre no nosso canal oficial.