O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, anunciou nessa terça-feira (22) que a nova lei aprovada pelo governo permitirá o aumento da proporção de etanol na gasolina dos atuais 27% para até 35%.
Durante a abertura oficial da MIEXPO+ Fórum 2024, realizada no Expo Center Norte, em São Paulo, Alckmin destacou a importância dessa medida para promover a “mobilidade verde” dentro do programa Nova Indústria Brasil (NIB).
“Hoje nossa gasolina tem 27% de etanol. Com a nova lei, poderemos chegar a 35% da mistura“, afirmou Alckmin ao comentar sobre a evolução no setor energético, ressaltando que essa é uma das principais iniciativas para impulsionar o desenvolvimento sustentável no Brasil. O ministro também mencionou que a medida vem acompanhada de R$ 130 bilhões em investimentos da indústria automotiva, previstos para os próximos anos.
Além do aumento do etanol, o governo está focado no Programa Mais Inovação, que trará R$ 66 bilhões em investimentos em projetos até 2026. Alckmin explicou que essa iniciativa, resultado de uma parceria do MDIC com a Finep e o BNDES, visa fortalecer a capacidade produtiva e a competitividade do Brasil no cenário internacional. Ele frisou que o BNDES tem atingido números recordes em financiamentos para o setor, impulsionando o crescimento industrial.
O vice-presidente destacou também que é necessário aumentar a participação do Brasil no comércio global, lembrando que o país detém apenas 2% do mercado mundial. “Ou seja, 98% do comércio mundial está fora do país“, comentou, reiterando a importância de firmar acordos comerciais, como o aguardado tratado entre Mercosul e União Europeia. “Estamos otimistas com o possível avanço do acordo entre o Mercosul e a União Europeia“, afirmou Alckmin, demonstrando confiança nas negociações.
Como a mistura de 35% do etanol na gasolina pode afetar os veículos
Com o aumento da proporção de etanol para 35%, Rogério Gonçalves, diretor de combustíveis da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA), alerta que essa mudança terá impactos diretos nos veículos, tanto nos carros flex quanto nos movidos exclusivamente a gasolina.
Gonçalves explicou que para carros flex, a principal consequência será o aumento no consumo de combustível. “Para o flex, o consumo de combustível vai aumentar, considerando que o poder calorífico do etanol é menor“, afirmou Gonçalves. Isso significa que o motorista de um carro flex que abastecer com gasolina contendo 35% de etanol notará uma redução na autonomia total do veículo.
No entanto, os carros movidos exclusivamente a gasolina, especialmente os modelos mais antigos, enfrentarão maiores dificuldades. “Alguns carros antigos não estão preparados para este teor de etanol. Podem acontecer ataques a materiais e corrosões de borrachas e elastômeros“, alertou Gonçalves, enfatizando que a durabilidade de alguns componentes dos veículos pode ser afetada. Além disso, sensores de carros antigos podem ter dificuldades em reconhecer o combustível com maior concentração de etanol, o que pode causar falhas no motor. “Além disso, há suspeitas de que certos carros podem falhar por intervenção dos próprios sensores, que não reconhecem o combustível“, comentou.
Segundo o especialista, muitos carros mais velhos foram ajustados para operar com 22% de etanol na gasolina, e a elevação para 35% exigirá precauções extras, tanto em termos de desempenho quanto de emissões. Ele sugeriu que, como alternativa, gasolina premium poderia ser oferecida aos proprietários desses veículos, uma vez que possui uma menor proporção de etanol, mas reconheceu que essa solução seria mais cara. “A solução seria disponibilizar aos donos de carros antigos um combustível com mais gasolina na mistura“, disse Gonçalves.
Esse aumento da proporção de etanol na gasolina representa uma mudança significativa para o setor automotivo e os consumidores. Enquanto a indústria terá que adaptar seus processos para atender às novas exigências de sustentabilidade, os proprietários de veículos, especialmente os de carros mais antigos, deverão estar atentos aos impactos dessa nova política sobre seus veículos.
A durabilidade de componentes e o consumo de combustível são os principais pontos de atenção, além dos custos que podem ser acrescidos, principalmente para quem optar por combustíveis premium.
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