Após a terceira madrugada seguida de ataques no Rio Grande do Norte, o governo federal decidiu enviar mais equipes da Força Nacional ao estado. A medida foi tomada depois que criminosos realizaram uma nova onda de ataques em prédios públicos e ônibus nesta quinta-feira (16) e ameaçaram continuar com as ações, mesmo com a governadora Fátima Bezerra afirmando a “queda aproximada de 60% no número de ataques contra patrimônios público ou privado”.
A governadora do RN foi informada da decisão pelo ministro da Justiça, Flávio Dino, na manhã de hoje. Até então, já haviam sido enviados 100 militares que compõem a força de segurança.
Os atos foram ordenados por criminosos descontentes com o não atendimento de demandas de presidiários, entre elas a instalação de TVs em celas e visitas íntimas. Os criminosos atacaram prédios públicos e atearam fogo em ônibus e veículos particulares. Por causa do clima de insegurança, cidades suspenderam serviços de transporte público e cancelaram aulas.
Natal e região metropolitana têm transporte público suspenso
Os ônibus chegaram a circular nas primeiras horas da manhã de hoje, saíram das garagens por volta das 6h, mas após um ônibus ser incendiado na Zona Oeste de Natal, o transporte foi recolhido. Por volta das 7h, o Sindicato dos Trabalhadores e Transportadores Rodoviários suspendeu a operação.
A Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) informou que os trens urbanos também não estão operando nesta quinta-feira (16). “Em virtude do ataque sofrido em uma das estações e de obstáculos colocados sobre a via férrea na última noite”, disse a companhia. Não há prazo para que o serviço seja normalizado.
Ataques
Os ataques começaram na madrugada de terça-feira (14) e desde então, 34 cidades registraram ocorrências. As ações criminosas são organizadas por uma facção que tem queimado prédios públicos, comércios e veículos, segundo a polícia. O secretário estadual de Segurança Pública, coronel Francisco Araújo, afirmou que os ataques são motivados por reivindicações de presos, como televisão e visita íntima.
Durante a noite de quarta-feira (15), um galpão da companhia de coleta de lixo de Natal – Urbana – foi alvo de criminosos e ficou em chamas até a manhã desta quinta-feira (16).
A coleta de pneus armazenados no galpão acontece semanalmente e estava prevista para esta quinta-feira (16). A Urbana não informou o número de pneus armazenados no local. Segundo os moradores do bairro Alecrim, na Zona Leste da cidade, o ataque aconteceu por volta das 23h, na Travessa Baía de São Marcos, por trás do mercado da Avenida 4.
O Corpo de Bombeiros informou que enviou outra viatura ao local para combater as chamas, na manhã desta quinta-feira (16).
Com a série de ataques que já dura três dias, as três maiores cidades do estado estão suspendendo serviços básicos. Em Natal, a cidade está sem transporte público nesta quinta-feira. Os serviços foram suspensos após a nova onda de ataques. Na capital, desde a terça-feira (14) o atendimento em unidades básicas de saúde e a coleta seletiva havia sido suspensa.
Em Parnamirim, nesta quinta-feira a prefeitura suspendeu o transporte público, a coleta seletiva e também o atendimento médico em unidades de saúde. Já em Mossoró, a cidade está sem transporte público desde a terça-feira e a coleta seletiva acontece apenas sob escolta.
Durante a manhã de hoje, circularam boatos de arrastões realizados por criminosos em avenidas do principal centro de comércio popular de Natal, o bairro Alecrim. Lojas foram fechadas, mas a ação foi negada pela Polícia Militar e pela associação de lojistas do bairro.
A PM foi acionada pela população que informou que um suspeito havia passado em uma rua fazendo ameaças. Equipes do 1º Batalhão da PM, do Batalhões de Operações Policiais Especiais (Bope) e do Batalhão de Choque foram deslocadas ao local e reforçaram a segurança nas principais vias.
O presidente da Associação de Lojistas do Alecrim, Matheus Feitosa, afirmou que tudo não passou de boato e que as lojas voltaram a abrir com a chegada da polícia.
Mesmo após Força Nacional, RN segue sob ataques
Mesmo com a chegada de 100 homens da Força Nacional, a violência não cessa, e a operação de trens urbanos de Natal foi suspensa. O prefeito da capital, Álvaro Dias, determinou que a frota de ônibus fosse recolhida às garagens após o ataque a um veículo no bairro Guarapes.
De terça (14) a quinta-feira (16), a polícia prendeu 57 suspeitos e apreendeu 15 armas, 46 artefatos explosivos e 10 galões de combustível. Na quarta-feira (15), um supermercado em São Gonçalo do Amarante foi incendiado, e os criminosos também atacaram um galpão da Urbana, empresa de coleta de lixo em Natal.
Os bombeiros controlaram o incêndio, mas as chamas ainda eram visíveis pela manhã. No mesmo dia, criminosos atacaram um posto de gasolina em Igapó, na Zona Norte da capital, e mandaram os trabalhadores se afastarem antes de atear fogo nas bombas de combustível.
Na madrugada de quinta-feira (16), um ônibus escolar foi incendiado em Florânia, e veículos do município de Coronel Ezequiel, incluindo três ônibus escolares, foram destruídos. Um abatedouro em João Câmara também foi incendiado. Em Natal, no bairro das Rocas, seis suspeitos foram presos pela Polícia Militar após tentarem realizar um saque a um supermercado.
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