Uma pesquisa nacional sobre violência contra mulheres negras, realizada pelo DataSenado e pela Nexus, em parceria com o Observatório da Mulher contra a Violência, revelou dados preocupantes sobre a prevalência e o início precoce da violência doméstica nesse grupo. O estudo, que ouviu 13.977 mulheres negras brasileiras de 16 anos ou mais entre 21 de agosto e 25 de setembro de 2023, em todas as unidades da federação, apontou que 53% delas sofreram a primeira experiência de agressão antes dos 25 anos.
A pesquisa definiu mulheres negras como aquelas que se autodeclararam pretas ou pardas. O nível de confiança dos resultados é de 95%. A escolha por esse recorte populacional se justifica pela maior vulnerabilidade desse grupo à violência no país, como comprovam dados do Sistema Nacional de Segurança Pública (Sinesp) e do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM).
Tipos de Violência: A pesquisa detalha os tipos de violência sofridos pelas mulheres negras entrevistadas: 87% relataram agressões psicológicas, 78% físicas, 33% patrimoniais e 25% sexuais. Entre as que sofreram algum tipo de violência nos últimos 12 anos, as formas mais comuns foram: falsas acusações (18%), episódios de gritaria ou quebra de objetos que causaram medo (17%), insultos (16%), humilhação (16%) e ameaças (10%).
Busca por Acolhimento: Quando se trata de buscar ajuda, os dados mostram um cenário complexo. 60% das mulheres agredidas recorreram à família; 45% à igreja; 41% a amigos; 32% a delegacias comuns; e 23% a delegacias especializadas da mulher. Embora 55% das vítimas negras busquem ajuda policial, apenas 28% solicitam medidas protetivas. Infelizmente, em 48% dos casos em que essas medidas são solicitadas, elas são descumpridas pelo agressor.
Contexto Social: Dados do Sinesp revelam que, entre as mulheres vítimas de violência sexual com registro de cor/raça, 62% eram pretas ou pardas. O SIM indica que, entre as 3.373 mulheres assassinadas em 2022 com informações de raça e cor registradas, 67% eram negras (2.276).
De acordo com Milene Tomoike, analista do Observatório da Mulher Contra a Violência, “Esses dados reforçam a importância de iniciativas preventivas e de proteção ampliada. Embora muitas vítimas busquem apoio em suas redes sociais, como família e amigos, é fundamental fortalecer políticas públicas e ampliar o acesso a serviços especializados, garantindo acolhimento, segurança e caminhos reais para reconstrução”.
A pesquisa destaca a necessidade de ações mais efetivas para interromper o ciclo de violência contra mulheres negras, incluindo a prevenção e o fortalecimento de políticas públicas que garantam o acesso a serviços especializados de acolhimento e proteção. Mais informações sobre violência doméstica podem ser encontradas em um estudo recente sobre o tema. Informações sobre legislação relacionada à proteção da mulher podem ser acessadas em um portal de leis.
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