Natal receberá nos dias 8, 9 e 10 de agosto o inovador “Festival de Cinema Acessível Kids – a serviço da inclusão educacional”, que foi aprovado para a 36ª e, agora, também para a 37ª edição do “Criança Esperança”. O projeto, que conta com a chancela da Unesco, aproxima da sétima arte as crianças com deficiência visual, deficiência auditiva e com deficiência intelectual, e mostra como educação, cultura, tecnologia e solidariedade podem ser agentes de transformação e inclusão social.
O projeto nasceu há oito anos no Rio Grande do Sul, como Festival de Cinema Acessível, idealizado pelo empreendedor e musicista Sidnei Schames, o Sid, presidente da OSC Mais Criança (a proponente do projeto) e diretor da empresa Som da Luz. Logo na estreia, em 2015, seu filho, David, então com oito anos, não pôde entrar no cinema, por não ter a idade necessária. Acabrunhado, exclamou: “meu pai criou um Festival Acessível para os outros; mas não é acessível para mim!”. Logo depois, transformou a indignação em projeto: “Pai, que tal a gente criar também um festival para as crianças? Já tenho até nome e slogan: ‘Festival de Cinema Acessível Kids, leve seu pai ao cinema!’” Esse é o projeto que foi lançado em 2017 e este ano saiu dos limites do Rio Grande do Sul e ganha o País, encorpado pela oficina “Educadores +Inclusivos” (para educadores de escolas da rede pública e privadas a serviço da inclusão educacional).
No início de junho, o Festival de Cinema Acessível Kids esteve em São Paulo, no clube “A Hebraica” e em duas unidades do CEU. Além de São Paulo e Natal, o projeto estará este ano em Brasília e Campo Grande (em datas ainda indefinidas).
Em Natal, o projeto conta com o apoio de um grupo criado pelo professor Jefferson Fernandes, diretor do Centro de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e pesquisador da área de Acessibilidade Cultural. “Temos nos reunido a distância muitas vezes para alinhar todos os detalhes da produção do evento. O professor Jefferson está sendo fundamental reunindo e coordenando a equipe de Natal, formada por entidades, secretarias, escolas e universidades para fortalecer a ação”, diz Schames.
De acordo com Schames, o Festival de Cinema Acessível Kids na capital potiguar terá a seguinte programação, no Auditório Pedro Silveira e Sá Leitão, na avenida Senador Salgado Filho, 1559, Tirol, no Campus do Instituto Federal do Rio Grande do Norte. No dia 8 de agosto, segunda-feira, das 9 horas às 15h, acontece a oficina para educadores. Nos dias 9 e 10, acontecem duas sessões por dia, às 8h e às 14h, com o filme Malévola, exibido com três tecnologias de acessibilidade, a Audiodescrição, LIBRAS e Legenda Descritiva. A entrada é franca, mas é preciso fazer a inscrição pelo e-mail contato@maiscrianca.org.br.
Segundo Schames, o “Festival de Cinema Acessível Kids – a serviço da inclusão educacional”, que é apoiado nacionalmente pela Bem Promotora, Som da Luz, Total Seguros e Senado Federal. Em Natal conta com o apoio do Centro de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN), Urbano Cine, Secretaria Municipal de Educação (SME), Prefeitura de Natal, Secretaria do Estado da Educação, da Cultura, do Esporte e do Lazer – SEEC do Rio Grande do Norte e OSC Mundo Melhor.
Até hoje, em suas versões adulto e infantil, o Festival de Cinema Acessível foi assistido por cerca de 17 mil pessoas, em 35 cidades (32 no Rio Grande do Sul, duas em Santa Catarina e uma vez em São Paulo), em 92 apresentações presenciais; além de quatro online, em 2021.
O Festival de Cinema Acessível Kids traz como diferencial a adaptação de obras cinematográficas infanto-juvenis, mas que fazem sucesso com a família toda. Oferece conteúdo acessível de qualidade para uma parcela da população privada do direito de ter acesso à magia do cinema. As ações de inclusão cultural para o público das pessoas com deficiência são raras e, quando existem, invariavelmente assistencialistas.
De acordo com Schames, os filmes têm audiodescrição das cenas para quem não enxerga, janela de libras para quem não ouve e legendas descritivas para quem não sabe Libras. “Para chegar às telas de cinema com toda a acessibilidade necessária, tudo é gravado em estúdio. É preciso de tecnologia e muita sensibilidade”, diz. E acrescenta: “Todos somos diferentes, mas podemos compartilhar uma mesma sala de cinema. Nas sessões tem o pai com deficiência visual, com o filho que enxerga; a filha com deficiência auditiva com a mãe que escuta, crianças com deficiência intelectual ou mental…e todos estão juntos se divertindo dentro do cinema”. David, hoje com 15 anos, diz: “criamos o Festival para todo mundo ser igual. Não igual no sentido de ter as mesmas características, mas os mesmos direitos e possibilidades. É um momento de inclusão estar todo mundo, pessoas com e sem deficiência, assistindo ao filme.”
Quando David e Sid contam sobre pessoas sem deficiência, se referem também a quem vai às exibições como um exercício de aprendizado e empatia. “Fizemos sessões em escolas, onde as crianças assistem aos filmes de olhos fechados para sentir como é um mundo sem imagens. Assim, esses alunos se colocam na posição do Outro e aprendem a entender e respeitar as diferenças”, reflete Sid.
Para 2022, há muitos planos. Com a participação no “Criança Esperança” e o apoio da “Bem Promotora” e “Total Seguros”, o projeto viajará ainda para Natal, Brasília, Campo Grande e mais uma vez São Paulo. Além dos filmes, serão dadas oficinas para educadores. “Se conseguirmos contribuir com os educadores para fazer o acolhimento de forma adequada, estaremos cumprindo uma função muito importante, já que aumentaremos a velocidade dessa mudança na sociedade. Se mostramos que a inclusão é perfeitamente possível, ela se torna natural. Estamos fazendo parte de uma história importante, do caminho da acessibilidade, do tudo para todos”, diz Schames, que espera atrair mais cidades e apoiadores à medida que o projeto se tornar mais conhecido.
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