As autoridades chinesas teriam retido informações relevantes sobre o novo coronavírus (Sars-CoV-2) por semanas após seu surgimento, causando frustração entre os representantes da Organização Mundial da Saúde (OMS), revelou uma reportagem da agência de notícias norte-americana Associated Press (AP) nesta terça-feira (2).
Segundo a agência, que teve acesso a documentos internos e realizou diversas entrevistas, especialistas da OMS vinham reclamando desde janeiro da demora da China em compartilhar as primeiras informações sobre o coronavírus com a entidade.
Apesar disso, a OMS elogiava a China por sua “resposta rápida” no combate à doença durante seus discursos públicos. A investigação feita pela AP explicou que o governo chinês demorou para liberar o mapa genético, ou genoma do vírus depois que os laboratórios já haviam decodificado completamente, provocando um atraso maior na criação de testes, drogas e vacinas.
Os dados só foram divulgados após três locais realizarem as análises. Os principais responsáveis por essa falta de compartilhamento, de acordo com a agência, foram os controles rigorosos sobre informações e concorrência no sistema de saúde pública do país asiático.
Conforme gravações de várias reuniões internas realizadas pela agência de saúde da ONU em janeiro, a reportagem ainda informa que, depois disso, a China ainda levou mais duas semanas para enviar outros detalhes para a OMS sobre o início da pandemia, o que poderia ter reduzido o impacto da tragédia caso fosse divulgado antes.
A AP descobriu que, em vez de conspirar com a China, a OMS foi em grande parte mantida no escuro, pois a China forneceu apenas as informações mínimas necessárias.
Em uma das cúpulas, o diretor-executivo da OMS, Michael Ryan, teria dito que a melhor maneira de “proteger a China” era que a OMS fizesse sua própria análise independente, porque, caso contrário, a propagação do vírus entre as pessoas estaria em questão e “outros países tomariam as medidas necessárias.”
Desde o momento em que o vírus foi decodificado, em 2 de janeiro, até quando a OMS declarou uma emergência global, em 30 de janeiro, o surto cresceu de 100 a 200 vezes, de acordo com dados do Centro Chinês de Controle e Prevenção de Doenças.
Na semana passada, os Estados Unidos acusaram a China de esconder informações sobre a Covid-19 e responsabilizaram Pequim pela propagação da doença em todo o mundo. A China, no entanto, negou que tenha escondido os dados ou demorado a compartilhá-los.
O presidente americano, Donald Trump, inclusive, encerrou relações com a OMS e ressaltou que o mundo precisa de respostas da China sobre o coronavírus.
(Com informações da ANSA)
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