Pesquisadores do Hospital Sírio Libanês e da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo publicaram artigo no periódico internacional Frontiers em Oncology em que mostram que a cannabis pode ajudar diversas condições clínicas em pacientes com câncer.
A pesquisa está em um contexto que estuda o efeito da Cannabis também em doenças neuro degenerativas, auto-imunes, no câncer, nas epilepsias e epilepsias refratárias, no autismo, nas doenças gastrointestinais, na ansiedade, nos distúrbios do sono, na depressão, na recuperação muscular em atletas, na cicatrização óssea relacionada à fraturas e osteoporose, e dores crônicas.
O sistema endocanabinóide possui um papel importante em diversas reações bioquímicas do corpo humano. Ele está intimamente relacionado ao nosso processo de homeostase, ou seja, nosso equilíbrio interno. O sistema endocanabinóide é constituído pelos receptores canabinóides, chamados CB1 e CB2, os seus ligantes endógenos, os endocanabinóides, que mimetizam os fitocanabinóides, e as proteínas envolvidas na sua síntese e degradação.
É como se esse sistema fosse uma comunicação entre o cérebro e o corpo humano. Está envolvido em vários processos fisiológicos, como a modulação de todos os eixos endócrinos, a modulação da dor, regulação da atividade motora, o controle de processos cognitivos, a modulação da resposta inflamatória e imunológica, a ação anti-proliferativa em células tumorais, o controle do sistema cardiovascular, entre outros. Além disso desempenha também um papel extremamente importante da modulação do apetite, ingestão alimentar e balanço energético, e em órgãos periféricos como o tecido adiposo, fígado, músculo esquelético e trato gastrointestinal.
A pesquisa é um estudo de caso em que dois pacientes pós ressecção subtotal, foram submetidos à quimiorradiação, seguido por um regime de múltiplas drogas (procarbazina, lomustina e vincristina) associado ao canabidiol (CBD).
Ambos os pacientes apresentaram respostas clínicas e de imagem satisfatórias em avaliações periódicas, com aspectos não comumente observados em pacientes tratados apenas com modalidades convencionais. Essa observação pode realçar o efeito potencial do CBD em melhorar as respostas à quimiorradiação que afetam a sobrevida. Os pesquisadores alertam que mais pesquisas com mais pacientes e análises moleculares críticas devem ser realizadas.
Os autores do estudo são Paula B. Dall’Stella, Marcos F. L. Docema, Marcos V. C. Maldaun e Olavo Feher, do Departamento de Neuro Oncologia do Hospital Sírio Libanês e Carmen L. P. Lancellotti, do Departamento de Patologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.