O diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal, Renato Dias, negocia com o Ministério do Planejamento a adição de mais 500 vagas ao concurso que está em fase de elaboração do edital e deve ser aplicado no segundo semestre. Em março, o ministro da Segurança, Raul Jungmann, revelou durante um evento da PRF no Paraná que a autorização para novas contratações sairia até o final de 2018 — a princípio, para 500 vagas.
Com a negociação, a publicação do edital, que era esperada para junho, ficou para o segundo semestre. Segundo Dias, o órgão funciona hoje com três mil funcionários a menos do que deveria para cumprir todas as suas funções. Até o final deste ano esse número pode aumentar com as aposentadorias que vão vencer. Se a PRF conseguir convencer o governo, o concurso oferecerá mil vagas.
“O custo é o mesmo, seria um desperdício de dinheiro”, afirmou o vice-presidente da Federação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais (FenaPRF), Dovercino Neto, ao jornal Folha Dirigida. Ele e outros membros da entidade se encontraram com Jungmann em Brasília no final de junho para apresentar um estudo que classifica como “gravíssimo” o estado do órgão atualmente. “Tem unidades que funcionam com apenas dois policiais”, reclamou. A FenaPRF ainda afirma que há viaturas paradas e postos sendo fechados em locais importantes do país, como fronteiras.
Jungmann avisou aos policiais que, se não fosse a negociação, o edital já teria sido publicado. “São apenas questões burocráticas que impedem o concurso PRF“, afirmou. A própria Polícia Rodoviária anunciou que espera que o documento seja divulgado pelo governo federal até o segundo semestre de 2018. “O edital está sendo finalizado. Estudem!”, vociferou Renato Dias em uma postagem na sua página do Facebook.
As vagas já aprovadas exigiam ensino superior completo em qualquer área e carteira de habilitação categoria B ou superior e em dia. A remuneração é de R$ 9.931,57, mas irá para R$ 10.357,88 em 2019, segundo convenção coletiva já negociada. Além das superintendências regionais, a PRF procura policiais para suas 150 delegacias, 313 unidades operacionais e 550 postos em rodovias espalhadas pelo país.
No final de abril, a Polícia Rodoviária Federal publicou um vídeo no Facebook em que afirmava estar “ansiosa” pelo concurso. Nas imagens, a câmera percorre todas as instalações de uma das sedes da PRF até chegar a uma sala de aula, onde uma única carteira se situa no centro. O vídeo, então, questiona: “De quem será essa vaga?”. Até os primeiros dias de maio, o vídeo tinha sido visto por mais de 34 mil pessoas e curtido por quase duas mil.
Estudos
Para os professores Paulo Almeida e Jefferson Bogo, do Gran Cursos Online, é fundamental que a preparação teórica e física comece muito antes da publicação do documento oficial. “Esperar o edital sair para estudar é o primeiro passo para continuar estudando depois que o concurso for finalizado. Se a gente quer ser aprovado, o tempo precisa ser usado a favor, não contra. Aguardar o edital é caixão e vela preta”, comenta Almeida.
Ele lembra que deu a mesma dica aos seus alunos na última prova da PRF, realizada em 2013, mas que mesmo assim muitos deles acabaram desclassificados pela falta de tempo necessária aos estudos. “No último edital, foram cobrados alguns decretos que cobravam um conhecimento muito específico sobre o tráfico de pessoas. Ele foi abordado por meio de dois decretos que a maioria das pessoas errou, porque como provavelmente o tempo de estudo ficou apertado depois do edital, as pessoas precisaram deixar algumas coisas de lado na hora do estudo”, conta.
Segundo o professor Jefferson Bogo, uma das técnicas mais utilizadas – e que mais funcionam – para estudar para um concurso é analisar o edital da última prova. Por meio dela, os pré-candidatos têm contato com o que já foi cobrado dos inscritos em provas anteriores – no caso da PRF, em 2008 e em 2013.
“O estudo precisa ser baseado no edital anterior, porque ele é a base das provas. Não apenas na questão das perguntas em si, mas também ajuda na preparação psicológica, no tempo do exame, etc. São fatores que reprovam muito mais do que parece”, diz Bogo.
Ambos também alertam para a necessidade de equilibrar os estudos em livros e apostilas com os treinamentos diários, já que o trabalho exigido pela PRF tem como um dos seus pilares a forma física do policial. Os agentes rodoviários estão constantemente envolvidos em perseguições, operações prolongadas ou em situações que dependem de habilidades físicas.
“É uma tristeza ver gente que ficou bem colocada na prova teórica, mas não conseguiu fazer uma barra ou concluir uma corrida em 12 minutos. É um concurso que exige preparo físico do candidato e esse é outro fator que ele precisa estar pronto muito tempo antes da prova, ainda que o teste físico seja posterior à aprovação. O candidato é cobrado por isso”, diz Paulo.
“Muita gente mesmo reprova no teste físico. É uma coisa absurda”, concorda Bogo. “Isso acontece porque muita gente pensa apenas na prova objetiva e deixa para treinar depois que ela tiver sido feita, mas normalmente não dá tempo de conseguir o preparo físico nesse intervalo”, conclui.
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