Um dos maiores efeitos da crise econômica brasileira no Rio Grande do Norte foi sentido pelo mercado de trabalho. De acordo com o Sebrae, o estado fechou o ano de 2016 com um total de 15.806 vagas perdidas do estoque de empregos com carteira assinada. Isso representa um aumento de 29,8% no número de desempregados em comparação com 2015, quando o Rio Grande do Norte registrou a perda de 11.929 postos de trabalho. Esse é o maior índice de desemprego verificado na última década, quando iniciou a série histórica em 2007.
De acordo com a Análise da Evolução do Mercado de Trabalho Formal, a cidade de Campo Redondo foi a recordista em geração de emprego com 1.990 vagas criadas, seguida de Goianinha (386 vagas), Nova Cruz (294 vagas), Apodi (277 vagas) e Ipanguaçu (244 vagas). Por outro lado, a capital potiguar foi a que registrou o maior número de demissões no ano passado: 9.642 postos de trabalho perdidos – 61% de todas as vagas extintas no Rio Grande do Norte. Mossoró foi o segundo município potiguar com o maior índice de desemprego no ano passado. No período, o saldo ficou negativo em 3.047 vagas.
O maior número de demissões foi registrado no setor industrial potiguar, com 9.097 vagas encerradas. Sozinha, a construção civil demitiu 6.602 empregados. O comércio fechou 3.778 postos de trabalho e o setor de serviços outros 3.197. Já o setor agropecuário foi um dos poucos no estado que encerrou o ano com saldo positivo no número de emprego, com 717 vagas geradas.
Ranking no Nordeste
O RN foi o quarto estado nordestino com o maior saldo negativo de empregos em 2016, ficando atrás da Bahia (67.291 postos perdidos), Ceará (37.499 vagas extintas) e Maranhão (18.036 postos perdidos). Segundo a análise, o mercado de trabalho potiguar sofreu duramente os efeitos da crise econômica brasileira. A vizinha Paraíba, por exemplo, semelhante em território, clima e população, tinha um estoque de 406,5 mil trabalhadores celetistas em 2016, enquanto o estoque do Rio Grande do Norte era de 435,3 mil, também em 2016. Nos últimos 10 anos, a Paraíba criou 129,0 mil novas vagas de trabalho, enquanto no RN foram criadas 106,5 mil.
O estudo elaborado pelo Sebrae também revela uma tendência preocupante no que se refere à geração de emprego por porte das empresas. O setor que tradicionalmente mais gerava postos de trabalho, o da microempresa, começa a apresentar declínio. Apesar da relevância na geração de empregos, que vinham equilibrando durante meses e anos as quedas causadas por demissões nas empresas de maior porte, as microempresas se apresentam com a capacidade de resistência se exaurindo. Em 2016 essa faixa está muito próxima de zero, com tendência de baixa, situação semelhante ocorre com a pequena empresa. Médias e grandes, embora ainda mantendo números negativos, mudaram a trajetória de declínio de suas curvas, segundo a análise.
“Essa redução da capacidade de geração de empregos na microempresa e nas empresas de pequeno porte em geral é resultado da conjuntura econômica que o país atravessa. No ano passado, tivemos um número menor de formalização de novos negócios – 15% a menos que em 2015 – e também redução da disponibilidade de crédito para o setor empresarial. Esses fatores influenciam diretamente nas contratações por parte dos pequenos negócios”, acredita a gerente da Unidade de Gestão Estratégica do Sebrae, Alinne Dantas.
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