(ANSA) – Em uma atitude inédita no novo milênio, o papa Francisco anunciou que instituirá uma Comissão de Estudos sobre Diaconisas como existia na Igreja primitiva. Segundo Francisco, durante audiência com as representantes da União Internacional das Superioras Gerais (UISG), essa é uma “possibilidade para os dias atuais”.
Com a concretização da Comissão, esse será um passo histórico para a inclusão das mulheres nos principais ritos religiosos – permitidos apenas para os homens. No encontro, que reuniu mais de 900 mulheres pertencentes à organização e a outras ordens religiosas femininas, o Pontífice respondeu às perguntas e a afirmação sobre a criação do grupo de estudos foi em uma dessas respostas.
“O que eram esses diáconos femininos? Elas tinham ordenação ou não? Era um pouco obscuro. Qual era o papel das diaconisas naquela época? Constituir uma comissão oficial que possa estudar questão?”, questionou em voz alta o sucessor de Bento XVI. “Acredito que sim. Seria um bem para a Igreja esclarecer este ponto. Estou de acordo. E pedirei para fazer algo do gênero. Parece-me útil que uma comissão esclareça isso muito bem”, concluiu.
O diácono está na esfera das três principais ordens sacerdotais dos católicos: Episcopado, Sacerdócio e Diaconato. Há dois tipos de funções para estes últimos: os transitórios são aqueles que recebem o grau de maneira temporal, enquanto tentam atingir o sacerdócio – ou seja, tornar-se padre – e os permanentes, que são aqueles que já são casados ou pretendem se casar e não tem objetivos de serem religiosos dos mais altos níveis. Todos, no entanto, podem realizar matrimônios e batizados.
Em 1994, o então papa João Paulo II parou as análises sobre a inclusão das mulheres, mas segundo o cardeal Carlo Maria Martini falou à época, aquela pausa “não foi um não”. O assunto de incorporar as mulheres em ritos é um tema caro ao papa Francisco. Por diversas vezes, ele mencionou que elas deveriam ter mais espaço na Igreja Católica. No próprio Sínodo dos Bispos, ocorrido no ano passado, o assunto voltou à tona – especialmente impulsionados por atos das igrejas anglicanas, que permitem que as mulheres atuem como nos dois altos graus do sacerdócio e do episcopado.
Segundo historiadores, a falta de mulheres no sacerdócio seria referente ao fato de não haver presença feminina no momento da Santa Ceia de Jesus Cristo. O ato instituiu a Eucaristia, a divisão do pão e do vinho como o corpo e sangue de Jesus, para os cristãos católicos.
Porém, Jorge Mario Bergoglio já “desconstruiu” um pouco esse conceito ao, na Páscoa deste ano, incluir pela primeira vez na história, a presença de mulheres no rito de Lava-Pés, um dos mais importantes para os católicos. Há algumas referências na Bíblia sobre as mulheres que atuavam como diaconisas, mas não está claro como elas eram escolhidas.
Sabe-se que atuavam como auxiliares em batizados ou ainda no cuidado com os doentes. Essas referências aparecem nos primeiros séculos da Igreja, mas não há mais detalhes nos séculos posteriores.
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