O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, classificou como “surpresa” a alta de um ponto percentual na taxa Selic, os juros básicos da economia, anunciada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) nesta quarta-feira (11). Apesar da surpresa, Haddad reconheceu que o movimento já era esperado pelo mercado financeiro. Ele afirmou estar focado nas metas fiscais e defendeu a viabilidade política do pacote de corte de gastos enviado ao Congresso.
Em declaração após a reunião do Copom, Haddad explicou: “Foi surpresa por um lado. Mas, por outro lado, tinha uma precificação [do mercado financeiro] nesse sentido. Vou ler com calma, analisar o comunicado, falar com algumas pessoas depois do período de silêncio”. O ministro não detalhou sua avaliação da decisão do Banco Central (BC).
Vale ressaltar que, até meados de 2023, Haddad se manifestava publicamente sobre as decisões do Copom, criticando em alguns momentos o ritmo de redução dos juros. No entanto, em agosto do ano passado, celebrou o início da queda da Selic.
Pacote Fiscal e Impasse Parlamentar
Em relação ao pacote de ajuste fiscal, estimado em R$ 71,9 bilhões até 2026 e R$ 327 bilhões até 2030, Haddad mostrou otimismo quanto à aprovação no Congresso, mesmo diante do impasse com a liberação de emendas parlamentares. Segundo ele, uma semana seria tempo suficiente para a tramitação das medidas na Câmara e no Senado.
“Esse tipo de coisa é difícil de processar no Congresso Nacional. A gente mandou um ajuste que consideramos adequado e viável politicamente. Você pode mandar o dobro para lá, mas o que vai sair [ser aprovado] é o que importa”, argumentou o ministro. Haddad admitiu a possibilidade de ajustes pontuais no projeto, principalmente em relação ao endurecimento das regras de acesso ao Benefício de Prestação Continuada (BPC), afirmando: “Se precisar melhorar a redação em algo, vai ser melhorada a redação. Nós estamos confiantes que vamos alcançar aqueles valores [de economia]. Então, nós procuramos calibrar o ajuste para as necessidades de manutenção da política fiscal”.
Sobre as críticas do Copom ao impacto do pacote fiscal no mercado, Haddad contrapôs que diversas instituições financeiras já estão revisando seus cálculos, apontando valores próximos aos projetados pelo governo. “Hoje, saiu um relatório de um grande banco aproximando os cálculos dos nossos. Ainda com vários pontos pendentes que não foram considerados e que, se tivessem sido considerados, chegariam mais perto de R$ 65 bilhões nos dois anos [2025 e 2026]”, concluiu.
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