O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) anunciou um aumento de um ponto percentual na taxa Selic, elevando-a para 12,25% ao ano. A decisão, tomada por unanimidade, surpreendeu analistas do mercado financeiro, que previam um aumento menor, de 0,75 ponto percentual.
Esta é a terceira alta consecutiva da Selic, que retorna ao nível registrado em dezembro do ano passado. Após um período de seis cortes de 0,5 ponto e um de 0,25 ponto entre agosto de 2023 e maio de 2024, a taxa permaneceu em 10,5% ao ano nas reuniões de junho e julho, antes de retomar a trajetória de alta em setembro (0,25 ponto) e novembro (0,5 ponto).
A alta da Selic busca controlar a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em novembro, o IPCA registrou 0,39%, impulsionado por preços mais altos de alimentos, especialmente carne, e passagens aéreas, apesar da queda nos preços de combustíveis e energia elétrica (bandeira verde). Apesar da desaceleração, o IPCA acumula alta de 4,87% em 12 meses, acima do teto da meta de inflação de 3% (com margem de tolerância de ±1,5 ponto percentual) estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para 2024.
O Banco Central, em seu último Relatório de Inflação (setembro de 2024), projetou o IPCA em 4,31% para 2024, mas essa previsão pode ser revisada para cima devido à alta do dólar e aos efeitos da seca prolongada. As projeções do mercado são ainda mais pessimistas, com o Boletim Focus indicando uma expectativa de 4,84% para o IPCA ao final do ano.
Apesar do cenário inflacionário, o mercado prevê crescimento econômico. De acordo com o Boletim Focus, a expectativa é de uma expansão de 3,39% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2024, revisão para cima após o crescimento de 0,9% registrado no terceiro trimestre do ano. O aumento da Selic, embora encareça o crédito e estimule a poupança, visa conter o excesso de demanda que impulsiona os preços.
A taxa Selic, utilizada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic), serve como referência para outras taxas de juros da economia. Ao ajustar a Selic para cima, o BC busca conter a inflação; por outro lado, reduções na Selic barateiam o crédito e incentivam a produção e o consumo, porém, enfraquecem o controle da inflação.
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