As decisões do Comitê de Política Monetária (COPOM) sobre a taxa Selic, divulgadas ao final da tarde desta quarta-feira, geralmente são complexas para o público em geral devido à terminologia técnica empregada em atas e comunicados. Para facilitar o entendimento, explicaremos alguns termos-chave.
Horizonte relevante: O impacto das mudanças na Selic não é imediato. O horizonte relevante representa o período futuro em que essas decisões terão efeito significativo na economia e na inflação. A demora do efeito se deve ao tempo que leva para que as mudanças na taxa de juros se propaguem por toda a economia.
Desancoragem das expectativas: O COPOM monitora as expectativas de inflação futuras, frequentemente refletidas no Boletim Focus. Quando essas expectativas se afastam da meta estabelecida, fala-se em desancoragem. Essa situação é problemática, pois expectativas inflacionárias mais altas podem levar a aumentos de preços no presente, criando um ciclo vicioso. Boletim Focus é uma ferramenta crucial neste acompanhamento.
Convergência das expectativas: O contrário da desancoragem. Significa que as expectativas de inflação estão se aproximando da meta do Banco Central, indicando um cenário de maior estabilidade. Essa convergência é um objetivo importante do BC.
Hiato do produto: Refere-se à diferença entre o Produto Interno Bruto (PIB) real e o PIB potencial (nível máximo de produção sustentável sem pressão inflacionária). Um hiato positivo indica uma economia aquecida e com pressão inflacionária, enquanto um hiato negativo sugere capacidade produtiva ociosa. É importante notar que o PIB potencial é uma estimativa, diferente do PIB real, calculado trimestralmente pelo IBGE.
IPCA cheio/índice cheio: O IPCA cheio é o número total do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, a medida oficial de inflação no Brasil. Ele engloba diversas categorias, como alimentação, habitação e transportes, permitindo também análises mais específicas.
Inflação subjacente/núcleo de inflação: Medida que exclui preços voláteis (como alimentos in natura) para identificar tendências mais consistentes e influenciadas pela política monetária. Embora útil para análise, o Banco Central usa o IPCA cheio para avaliar o cumprimento da meta de inflação.
Curva de juros futura: Gráfico que representa a expectativa do mercado sobre as taxas de juros futuras para diferentes prazos. A Selic influencia o “ponto de partida” dessa curva, que também reflete expectativas de inflação e decisões futuras do COPOM.
Cenário de referência: Cenário mais provável considerado pelos economistas para projeções futuras. Cenários alternativos (otimistas ou pessimistas) também são considerados.
Assimetria altista/baixista no balanço de riscos: Ao decidir sobre a Selic, o COPOM avalia riscos de alta ou baixa da inflação. A assimetria indica qual desses riscos prevalece: altista (maior probabilidade de alta inflacionária) ou baixista (maior probabilidade de baixa inflacionária).
Política monetária contracionista/expansionista e taxa neutra: A política monetária é o conjunto de ações do Banco Central para gerenciar a quantidade de dinheiro em circulação e a taxa de juros. Uma política expansionista reduz os juros para estimular a economia, enquanto uma política contracionista aumenta os juros para desaquecer a economia e controlar a inflação. A taxa neutra busca estabilidade sem estimular ou desaquecer a economia.
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