Um estudo conjunto realizado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) e o Grupo Banco Mundial, em parceria com órgãos da ONU, quantificou em R$ 88,9 bilhões os prejuízos causados pelas fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul em abril e maio de 2024. O relatório, entregue ao Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MDR), detalha os impactos em diferentes setores da economia gaúcha.
De acordo com a avaliação, 69% dos danos, cerca de R$ 61 bilhões, afetaram o setor produtivo. Os setores sociais sofreram perdas estimadas em R$ 19 bilhões (21%), enquanto a infraestrutura registrou R$ 7 bilhões (8%) em prejuízos. O impacto ambiental foi calculado em R$ 1,6 bilhão (1,8%). A metodologia utilizada foi a Avaliação de Danos e Perdas (DaLA) da Cepal.
O estudo projetava inicialmente um recuo de 1,3% na atividade econômica do Rio Grande do Sul em 2024, em função da calamidade pública. Entretanto, o presidente do BID, Ilan Goldfajn, destacou a atuação do governo federal na mitigação dos danos. “Foi feito um esforço que conseguiu reduzir o custo em 1,1% do PIB Gaúcho. A gente estima danos em R$ 88,9 bilhões com efeitos em quase toda a estrutura produtiva”, afirmou Goldfajn. O relatório reforça essa afirmação: “Observe-se que, se o governo federal não tivesse atuado com transferências às pessoas e alocação de recursos para os governos estadual e municipal, o impacto teria sido de 2,4% no PIB. Em outras palavras, essas ações reduziram o impacto do desastre em 1,1% no PIB”
Além dos impactos financeiros, o desastre também afetou o mercado de trabalho. O estudo estima uma redução de 432 mil empregos no estado em 2024, equivalente a uma queda de 7,3% em relação ao primeiro trimestre do ano. A diminuição na remuneração dos trabalhadores é estimada em R$ 3,22 bilhões (0,5% do PIB), e a queda nos impostos sobre a produção (líquidos de subsídios) em R$ 89,3 milhões (0,01% do PIB).
O ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, ao receber o relatório, reconheceu a desigualdade na recuperação dos setores econômicos, afirmando: “Isso faz parte do tamanho da intensidade que foi este desastre.” Ele também destacou a mobilização do governo federal desde as ações imediatas de ajuda humanitária e o Auxílio Reconstrução até o investimento em obras de infraestrutura de proteção, com o apoio do presidente Lula, que “ressaltou que também fôssemos firmes na garantia da prevenção, em definitivo, para o Rio Grande do Sul. E disponibilizou recursos para essas agendas”
O BID já havia anunciado em maio de 2024 uma linha de crédito de R$ 5,5 bilhões para a reconstrução do estado. O relatório final inclui recomendações para ações de curto e médio prazo, com ênfase em:
- Curto Prazo:
- Reconstrução de estruturas resilientes (diques, sistemas de bombeamento).
- Obras de controle de inundações (bacias de retenção, muros).
- Melhoria dos sistemas de alerta precoce e gestão de emergências.
- Reconstrução com foco na geração de empregos para populações vulneráveis.
- Atualização de mapas de risco e definição de áreas impróprias para reconstrução.
- Criação de um órgão técnico-científico estadual para identificação de riscos.
- Médio Prazo:
- Manutenção da gestão de riscos como política pública.
- Fortalecimento da coordenação entre órgãos governamentais na gestão de risco.
- Atualização dos planos diretores para considerar a possibilidade de sobrecarga da infraestrutura em caso de inundações.
Ilan Goldfajn enfatizou a necessidade de preparação para eventos futuros: “Temos várias recomendações mais para frente: alerta precoce, estrutura resiliente, que evita as inundações e protege os mais vulneráveis. O governo já está se articulando para isso, pensando no futuro, porque nós vamos ter mais desastres.” Um relatório completo foi disponibilizado pelo BID.
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