Uma pesquisa recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Pesquisa de Informações Básicas Municipais (Munic) 2023 – Suplemento de Saneamento, revela que a coleta seletiva ainda não é uma realidade em todo o Brasil. Dos 5.557 municípios com serviços de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, apenas 3.364 (60,5%) possuem algum tipo de coleta seletiva. A pesquisa, divulgada em 28 de novembro de 2024, também aponta uma disparidade regional significativa.
A Região Sul se destaca com os melhores índices: 81,9% dos municípios com coleta seletiva e 74,5% com legislação específica sobre o tema. Em contraste, a Região Norte apresenta os piores números, com apenas 33,5% dos municípios realizando a coleta seletiva e 42,2% com legislação pertinente. Essa diferença demonstra a necessidade urgente de investimentos e políticas públicas mais efetivas na região Norte.
De acordo com o estudo do IBGE: “A coleta seletiva no Brasil é regulamentada por diversos instrumentos legais que visam a correta gestão de resíduos sólidos e a promoção da sustentabilidade. Um dos principais marcos é a Lei nº 12.305, de 02.08.2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos”. Essa lei determina a separação dos resíduos em categorias como recicláveis, orgânicos e rejeitos, para facilitar a destinação correta.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos também enfatiza a responsabilidade compartilhada entre o governo, empresas e cidadãos na gestão dos resíduos, exigindo dos municípios a implementação de sistemas de coleta seletiva e a promoção da educação ambiental.
O papel dos catadores: O IBGE destaca a importância dos catadores na coleta seletiva. “As entidades de catadores, formadas por cooperativas, associações e outras formas de organização de catadores, desempenham um papel fundamental na gestão de resíduos sólidos, contribuindo para a redução do volume de resíduos destinados aos aterros e lixões, promovendo a reciclagem e a inclusão social de trabalhadores desse setor. A presença de catadores organizados é essencial para o funcionamento da coleta seletiva, pois além de gerar renda para diversas famílias, esses grupos colaboram para a sustentabilidade ambiental e a economia circular”, afirma o relatório.
A pesquisa aponta que 4.093 (73,7%) dos municípios com serviços de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos contam com a presença de catadores informais. Entidades de catadores organizadas atuam em 1.498 (27%) municípios. A distribuição regional também varia significativamente, com o Sudeste liderando em ambos os indicadores: 78% de municípios com catadores informais e 33,5% com entidades de catadores organizadas na coleta seletiva. A região Norte registra os menores percentuais, com 72,6% de municípios com catadores informais e apenas 16,7% com entidades organizadas.
Em relação à localização dos catadores informais, 87,8% atuam em áreas urbanas, enquanto 14,5% trabalham em áreas rurais.
Legislação e prática: A pesquisa também destaca que 56,7% dos municípios implementaram instrumentos legais para a coleta seletiva, indicando que, embora a legislação esteja presente em mais da metade dos municípios, sua implementação prática ainda precisa ser aprimorada em muitas regiões do país.
Quer receber as principais notícias do Portal N10 no seu WhatsApp? Clique aqui e entre no nosso canal oficial.