Um relatório da Polícia Federal (PF) detalhando uma investigação sobre uma tentativa de golpe de Estado resultou no indiciamento de 37 pessoas, incluindo o então comandante da Marinha, Almirante de Esquadra Almir Garnier. A PF alega que Garnier colaborou ativamente com o plano golpista arquitetado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, disponibilizando tropas navais para a empreitada.
Mensagens comprometedoras, obtidas a partir do celular do tenente Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, apontam para a participação de Garnier. Um trecho de uma conversa revela um contato, identificado como “Riva”, afirmando: “O Alte Garnier é PATRIOTA. Tinham tanques no Arsenal prontos”. A resposta a essa mensagem sugere que Bolsonaro deveria ter “rompido” com a Marinha, contando com o apoio do Exército e da Aeronáutica, numa sequência posterior. Este print da conversa foi encaminhado ao tenente-coronel Mauro Cid pelo coronel Sérgio Cavaliere.
O relatório da PF destaca um contraste marcante na postura dos comandos militares. Enquanto os chefes do Exército e da Aeronáutica se opuseram veementemente a qualquer plano que obstruísse a posse do governo democraticamente eleito, Garnier teria demonstrado total submissão às ordens de Bolsonaro. “Os elementos de prova obtidos, tais como mensagens de texto e depoimentos dos então Comandantes da Aeronáutica e do Exército prestados à Polícia Federal evidenciam que o então comandante da Marinha do Brasil, almirante Almir Garnier, foi o único dentre os três a aderir ao plano que objetivava a abolição do Estado Democrático de Direito”,
conclui o documento.
A estratégia da organização criminosa, segundo a PF, se baseava na adesão de Garnier para pressionar o Alto Comando do Exército. A participação do Almirante foi crucial para o plano, tanto que ele foi identificado como um “patriota” pelos envolvidos na trama golpista. A defesa de Garnier divulgou uma nota alegando sua inocência.
A investigação da PF também destaca a obtenção de informações sigilosas da delação de Mauro Cid por parte de outros investigados. Saiba mais sobre o assunto em Investigados por golpe obtiveram informações da delação de Mauro Cid.
Outro ponto crucial da investigação aponta para a atuação direta de Bolsonaro na tentativa de golpe, conforme relatado pela PF em Bolsonaro atuou de forma "direta e efetiva" para tentar golpe, diz PF.
A PF ressalta que a falta de apoio do Exército e da Aeronáutica foi crucial para o fracasso da tentativa golpista. O relatório detalha como a narrativa golpista alimentou os atos de 8 de janeiro e um atentado a bomba. A agência de inteligência brasileira, ABIN, também é mencionada no relatório, acusada de fornecer informações a Bolsonaro para a produção de desinformação.
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