O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu manter a validade do acordo de delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro. A decisão, tomada após três horas de audiência, ocorreu após Cid prestar esclarecimentos sobre inconsistências e omissões apontadas pela Polícia Federal (PF).
A PF havia questionado o depoimento de Cid prestado na terça-feira (19), onde ele negou qualquer conhecimento sobre um alegado plano golpista para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin, e o próprio ministro Moraes. Essa negação contrasta com as investigações da Operação Contragolpe, que apontaram a participação de Cid em uma reunião na casa do general Braga Netto, em Brasília, em 12 de novembro de 2022, considerada um dos encontros cruciais da trama golpista. A investigação indica que 37 pessoas foram indiciadas neste inquérito que apura a tentativa de golpe de Estado após a eleição de Lula.
O depoimento complementar de Cid foi encaminhado pelo ministro Moraes à PF para prosseguimento das investigações. Embora o conteúdo do depoimento não tenha sido divulgado publicamente, a defesa de Cid confirmou que os benefícios da delação foram mantidos e que o tenente-coronel forneceu as informações solicitadas. A defesa divulgou um comunicado à imprensa afirmando que “Cid prestou os esclarecimentos solicitados e os benefícios da delação foram mantidos“
A decisão de Moraes demonstra a importância atribuída ao acordo de delação de Cid, que, em 2023, comprometeu-se a revelar informações sobre atividades ocorridas durante o governo Bolsonaro. Entre essas informações estão detalhes sobre a venda de joias sauditas e a fraude nos cartões de vacinação do ex-presidente. A manutenção do acordo sugere que o STF considerou os esclarecimentos de Cid suficientes para sanar as inconsistências levantadas pela PF. Entretanto, a investigação continua, e novas informações podem surgir durante o processo. A Operação Contragolpe e outras investigações paralelas sobre os eventos investigados também prosseguem, e o caso permanece sob investigação.
A manutenção da delação de Mauro Cid representa um avanço significativo nas investigações sobre as tentativas de subversão da ordem democrática após a eleição de 2022. A decisão do STF, entretanto, não encerra as investigações. O caso permanece sob escrutínio e é crucial para a compreensão dos eventos que levaram à investigação, buscando esclarecer o papel de diversos indivíduos, incluindo o ex-presidente Bolsonaro, e a extensão das ações empreendidas.
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