Nesta terça-feira (19), diversos sites de “notícias” no Brasil divulgaram manchetes sensacionalistas afirmando que o governo [dando a entender que seria o brasileiro] teria criado um imposto para tutores de pets, cobrando mais de R$ 700 por mês.
O título, claramente distorcido, tenta induzir o leitor ao erro ao omitir [no título] que a informação se refere a um modelo de taxação aplicado na Alemanha. A prática, conhecida como clickbait, é uma estratégia comum para atrair cliques, mas compromete a credibilidade do jornalismo e gera desinformação nas redes sociais.
A verdade por trás da manchete sensacionalista
A manchete mencionada afirma: “Governo implanta imposto para quem tem pet e tutor tem que pagar mais de R$ 700 por mês”. Sem especificar o local de cara no título, o texto explora o modelo alemão de tributação para donos de cães, mas apresenta inicialmente uma informação de forma distorcida para sugerir que a medida foi adotada no Brasil.
Na Alemanha, esse imposto é regulamentado pela “Lei Fiscal sobre Cães”, criada em 2001, e tem como objetivo principal o controle e o cuidado com os animais. Em Berlim, a tarifa básica é de € 120 por ano (cerca de R$ 740) para cada cachorro. Já em outras cidades, como Hamburgo, o valor pode ser bem mais alto, chegando a € 600 (aproximadamente R$ 3.700) para raças consideradas perigosas, como bull terrier e mastim napolitano.
De acordo com o jornal francês Les Échos, a arrecadação com essa taxação subiu 40% na última década. Em Berlim, a prefeitura utiliza esses recursos para regulamentar a posse de animais e garantir o bem-estar público.
Além disso, o registro dos animais é obrigatório, com um custo de € 17,50 (cerca de R$ 108). A ausência de cadastro pode levar a multas de até € 10 mil (mais de R$ 62 mil). Esse sistema é eficiente, garantindo que os recursos arrecadados sejam destinados a fiscalizações, campanhas de conscientização e cuidados com os animais abandonados, reduzindo significativamente o problema nas cidades alemãs.
Jornalismo irresponsável e as redes sociais
O grande problema dessa abordagem sensacionalista é que muitas pessoas leem apenas o título, sem conferir o conteúdo. Ao compartilhar informações distorcidas, essas manchetes enganosas acabam fomentando debates baseados em desinformação. A forma como colocam o título sugere que o Brasil teria implementado tal medida e, isso é falso. Os sites que publicaram a notícia contaram com a reação impulsiva de leitores para ganhar engajamento.
Especialistas alertam que práticas como essa prejudicam a confiabilidade da imprensa e reforçam o descrédito das pessoas em relação às notícias publicadas na internet. É importante que os leitores, ao se depararem com manchetes alarmantes, verifiquem as informações antes de compartilhar.
Atenção ao leitor: Antes de compartilhar qualquer notícia, é essencial verificar sua veracidade e contexto. Manchetes sensacionalistas, como a que circula hoje, são um exemplo de como o jornalismo irresponsável pode confundir e manipular a opinião pública.
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