A Polícia Federal (PF) deflagrou, na manhã desta terça-feira (19), a Operação Contragolpe, que investiga uma organização criminosa acusada de planejar o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vice-presidente Geraldo Alckmin, além de um golpe de Estado para restringir o funcionamento do Poder Judiciário. Segundo as apurações, o plano, intitulado “Punhal Verde e Amarelo”, seria executado em 15 de dezembro de 2022, antes da posse presidencial.
De acordo com informações divulgadas pela Globo News, as investigações indicam que o grupo também monitorava um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) para possível prisão e execução. A vítima seria o ministro Alexandre de Moraes, que também autorizou as prisões preventivas realizadas nesta manhã.
Entre os alvos da operação estão quatro militares do Exército – ligados às forças especiais, os chamados “kids pretos“, e um agente da Polícia Federal, apontados como participantes diretos do plano. Os presos são:
- Mário Fernandes, general de brigada da reserva;
- Hélio Ferreira Lima, tenente-coronel;
- Rodrigo Bezerra de Azevedo, major;
- Rafael Martins de Oliveira, major;
- Wladimir Matos Soares, policial federal.
Além disso, foram cumpridos mandados de busca e apreensão, que incluíram dispositivos eletrônicos para coleta de provas. O Exército Brasileiro confirmou que acompanha os desdobramentos da operação e destacou que está prestando apoio às investigações.
Provas recuperadas e conexões anteriores
A PF destacou que as ações desta terça-feira foram baseadas em evidências coletadas em dispositivos eletrônicos de militares já investigados no inquérito sobre atos antidemocráticos. Parte das provas foi restaurada de arquivos deletados pelo coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro. Outros indícios foram encontrados em celulares de integrantes do grupo.
Ainda em fevereiro de 2023, outra etapa deste mesmo inquérito já havia resultado na prisão de militares e buscas contra aliados do ex-presidente Bolsonaro. O inquérito investiga atos de tentativa de golpe e culminou nos ataques terroristas registrados em Brasília, em 8 de janeiro de 2023.
Detalhes do plano revelados pela PF
Conforme a investigação, o grupo desenvolveu um detalhado planejamento operacional que utilizava técnicas militares avançadas. Segundo a PF, o plano previa a criação de um “gabinete institucional de gestão de crise” para gerenciar as consequências de suas ações. Esse esquema incluía o uso de armamento pesado, coordenação estratégica e recursos humanos treinados para executar as ações.
“Ainda estavam nos planos a prisão e execução de um ministro do Supremo Tribunal Federal, que vinha sendo monitorado continuamente, caso o golpe de Estado fosse consumado”, informou a PF em nota.
E concluiu: “As investigações apontam que a organização criminosa se utilizou de elevado nível de conhecimento técnico-militar para planejar, coordenar e executar ações ilícitas nos meses de novembro e dezembro de 2022. Os investigados são, em sua maioria, militares com formação em forças especiais”.
Mandados e crimes investigados
Os mandados foram cumpridos em quatro estados: Goiás, Rio de Janeiro, Amazonas e no Distrito Federal. Além das prisões, outras 15 medidas cautelares foram impostas, como a proibição de contato entre os investigados e a entrega de passaportes no prazo de 24 horas.
Os crimes apurados incluem:
- Abolição violenta do Estado Democrático de Direito (pena de 4 a 8 anos);
- Golpe de Estado (pena de 4 a 12 anos);
- Organização criminosa (pena de 3 a 8 anos).
A expectativa é que o inquérito seja concluído ainda em 2024, com possibilidade de novas etapas envolvendo suspeitos ligados ao núcleo militar e político do esquema.
Nota do Exército Brasileiro
Em nota oficial, o Exército confirmou que acompanha os desdobramentos da operação e informou que os mandados foram cumpridos em Goiânia e no Rio de Janeiro. A instituição também reiterou que segue prestando assistência aos militares envolvidos e seus familiares.
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