A cúpula do G20, que teve início nesta segunda-feira (18), no Rio de Janeiro, já enfrenta desafios antes mesmo de sua abertura oficial. As negociações para a declaração final, que avançaram durante o domingo (17) em reuniões bilaterais, estão travadas, com a Argentina, sob a liderança do presidente Javier Milei, se posicionando como um dos principais entraves.
Milei, que se posiciona como defensor de uma política soberanista no G20, tem adotado uma postura de enfrentamento às organizações multilaterais e ao chamado “globalismo”. Essa abordagem contrasta diretamente com as iniciativas lideradas pelo presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, que tem priorizado esforços em prol do cessar-fogo nos conflitos da Ucrânia e da Faixa de Gaza, com foco em ajuda humanitária e promoção da paz, sem condenar explicitamente os envolvidos.
Fontes diplomáticas indicam que a postura argentina, encabeçadas por Milei, representa um dos maiores desafios para a declaração final. Segundo relatos, o líder argentino insiste em que qualquer referência à guerra inclua uma condenação explícita à Rússia, criando uma barreira significativa para o consenso entre os países membros.
Mudança na política externa argentina
Desde que assumiu a presidência, Milei promoveu uma guinada na política externa da Argentina, alinhando-se a figuras como o ex-presidente norte-americano Donald Trump. Antes da cúpula, Milei se reuniu com Trump na Flórida e também com Elon Musk, amplamente reconhecido como aliado de Trump. Essas reuniões, realizadas dias antes do encontro no Brasil, indicam uma coordenação estratégica sobre os posicionamentos que o presidente argentino adotaria no evento.
Fontes ligadas à Casa Rosada afirmaram que a Argentina se opõe a diversas pautas defendidas pelo Brasil no G20, apesar de ter assinado declarações ministeriais ao longo do ano. Entre as possibilidades, está a rejeição completa à declaração final ou a assinatura com ressalvas destacadas em pontos específicos.
Impactos no Mercosul e na União Europeia
Outro tema sensível é o acordo entre o Mercosul e a União Europeia, que parecia próximo de ser formalizado. O anúncio da assinatura em Montevidéu, previsto para 6 de dezembro, agora enfrenta novos obstáculos devido à resistência da França.
Enquanto Lula e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, se esforçam para avançar na negociação, a posição de Milei não tem sido de apoio. Paralelamente, o líder argentino se reuniu com o presidente francês Emmanuel Macron, em Buenos Aires, antes de viajar ao Brasil, em um encontro que também pode ter influenciado os desdobramentos no G20.
A divergência de posicionamentos no bloco do Mercosul e as tensões diplomáticas entre os líderes refletem o impacto direto da política externa de Milei na dinâmica regional e global.
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