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Deputado apresenta PEC que institui remuneração por hora trabalhada no Brasil

Maurício Marcon (Podemos-RS) reforça que o modelo de flexibilidade é uma alternativa eficaz para aqueles que buscam autonomia financeira e laboral, similar ao praticado nos Estados Unidos.

O deputado federal Maurício Marcon (Podemos-RS) apresentou, nesta terça-feira (12), uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que visa implementar um modelo de jornada de trabalho baseado no sistema americano, concedendo ao trabalhador brasileiro o direito de escolher quantos dias e horas trabalhar, além de receber por hora trabalhada.

A proposta, que circula nas redes como “PEC da Alforria”, foi anunciada durante um pronunciamento de Marcon no Plenário da Câmara dos Deputados.

A PEC defendida por Marcon surge em resposta a uma outra proposta de emenda, de autoria da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), que prevê a substituição do sistema de escala 6×1 (uma folga a cada seis dias de trabalho) pelo modelo 4×3 (quatro dias de trabalho e três de descanso). Segundo a proposta de Hilton, o objetivo é reduzir a carga semanal para 36 horas, promovendo maior flexibilidade e qualidade de vida para os trabalhadores.

A deputada argumenta que a medida “reflete um movimento global em direção a modelos de trabalho mais flexíveis” e visa adaptar o mercado de trabalho às novas demandas da sociedade. Hilton comunicou que sua proposta já conta com 134 assinaturas de apoio, das 171 necessárias para iniciar a tramitação na Câmara.

Em resposta, Marcon questionou a viabilidade do modelo defendido pela deputada. “Agora vem uma deputada que nunca gerou um emprego no Brasil, dizer que de forma mágica pode-se diminuir os dias de trabalho e manter a mesma remuneração“, disse o deputado.

Marcon ainda destacou que experiências semelhantes foram implementadas apenas em casos específicos ao redor do mundo, citando países como Emirados Árabes, Bélgica, Islândia e Escócia, onde, segundo ele, tais projetos ainda estão em fases experimentais e muitas vezes dependem de subsídios governamentais.

Proposta de Marcon defende remuneração por hora e fim das limitações impostas pela CLT

Vídeo retirado das redes sociais

Marcon, por sua vez, propõe um modelo que ele afirma ser mais próximo da realidade econômica e laboral dos Estados Unidos. A PEC apresentada altera o Art. 7º da Constituição Federal, garantindo ao trabalhador o direito de optar entre o regime tradicional da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), com carga horária semanal de 44 horas, ou um regime flexível baseado em horas trabalhadas. Neste último, o trabalhador poderia ajustar sua carga horária diária, semanal, quinzenal ou mensal conforme suas necessidades pessoais e profissionais.

Segundo o deputado, “o sistema americano permite que cada trabalhador trabalhe até um dia por semana, se assim ele quiser, e que ele ganhe por hora trabalhada. Que ele tenha liberdade“. Marcon criticou a legislação trabalhista brasileira, que, segundo ele, impõe uma estrutura rígida e inflexível. “O que nós precisamos é dar liberdade para as pessoas trabalharem o quanto elas quiserem. Não ficarem presas em um sistema lá de 1940 que a nossa CLT“, afirmou Marcon, em defesa de sua PEC.

Detalhes das mudanças propostas no Art. 7º da Constituição

A PEC de Marcon introduz três novos incisos no Art. 7º da Constituição. Entre as principais mudanças, estão:

  • Inciso XIII: Permite ao empregado escolher entre a jornada tradicional da CLT, de 44 horas semanais, ou um regime flexível baseado em horas trabalhadas, com a possibilidade de ajustar essa carga horária de forma diária, semanal, quinzenal ou mensal.
  • Inciso XIV: Estabelece um valor mínimo para a hora trabalhada no regime flexível, calculado com base no salário mínimo nacional ou no piso salarial da categoria, proporcional à carga semanal de 44 horas. Essa regra visa assegurar que o trabalhador, ao optar pela flexibilidade, não seja prejudicado financeiramente.
  • Inciso XV: Garante que todos os direitos trabalhistas, como férias, 13º salário e FGTS, sejam pagos de forma proporcional à jornada cumprida no regime flexível. A medida busca manter a segurança dos trabalhadores, permitindo que eles optem pela flexibilidade sem abrir mão de direitos.

Objetivo da PEC: ampliar autonomia e liberdade para o trabalhador

Segundo a justificativa da PEC, o objetivo é ampliar a autonomia dos trabalhadores sobre suas jornadas, promovendo uma maior conciliação entre vida profissional e pessoal. A proposta permite que o trabalhador tenha a liberdade de escolher entre o regime fixo e o flexível, ajustando suas atividades conforme demandas do mercado. “A intenção é facilitar a conciliação entre vida profissional e pessoal, oferecendo a opção entre o regime tradicional da CLT e um regime flexível“, explica o texto da PEC.

Marcon reforça que o modelo de flexibilidade é uma alternativa eficaz para aqueles que buscam autonomia financeira e laboral, similar ao praticado nos Estados Unidos. O deputado criticou a tentativa de limitar a escolha dos trabalhadores com sistemas de escala que considera ultrapassados e incompatíveis com o cenário moderno. “Nenhum deputado do PSOL ou governo vai dizer quantos dias o trabalhador tem que estar presente no trabalho. Ele decide!“, enfatizou o parlamentar.

Repercussão e cenário de tramitação

A proposta de Marcon agora aguarda os trâmites necessários para análise, começando pela obtenção das assinaturas de apoio. Caso alcance o número necessário, o projeto será submetido às comissões da Câmara dos Deputados.

Enquanto isso, o debate sobre modelos de trabalho mais flexíveis continua a crescer no Brasil, com discussões sobre a adequação da CLT às novas exigências do mercado e às transformações econômicas. A proposta do deputado Marcon será acompanhada de perto por especialistas e sindicatos, dada sua possível impacto na estrutura trabalhista brasileira.

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Rafael Nicácio

Co-fundador e redator do Portal N10, sou responsável pela administração e produção de conteúdo do site, consolidando mais de uma década de experiência em comunicação digital. Minha trajetória inclui passagens por assessorias de comunicação do Governo do Estado do Rio Grande do Norte (ASCOM) e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), onde atuei como estagiário.Desde 2013, trabalho diretamente com gestão de sites, colaborando na construção de portais de notícias e entretenimento. Atualmente, além de minhas atividades no Portal N10, também gerencio a página Dinastia Nerd, voltada para o público geek e de cultura pop.MTB Jornalista 0002472/RNE-mail para contato: rafael@oportaln10.com.br

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