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MPF pressiona para que Ibama fiscalize obra da engorda em Ponta Negra

Para o Ministério Público Federal, a retirada de areia do fundo do mar vem ocorrendo em área não licenciada e sem o controle de qualquer órgão ambiental.

O Ministério Público Federal (MPF) entrou com uma ação para suspender o acordo que transferiu a fiscalização da obra de “engorda” da praia de Ponta Negra – em Natal, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para o Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema). O objetivo é que o Ibama reassuma a responsabilidade pelo licenciamento, para evitar riscos ambientais e garantir a qualidade da obra.

Atualmente, a engorda é realizada com areia extraída de uma jazida que “não passou pelo devido licenciamento e cuja extração não se encontra, no momento, sob fiscalização e controle de qualquer órgão ambiental“. Embora a área pertença à União, o Ibama transferiu a competência de fiscalização ao Idema através do Acordo de Cooperação Técnica 48/2023. De acordo com o MPF, essa transferência compromete o controle técnico devido a pressões políticas e decisões judiciais consideradas inadequadas.

Na ação, o MPF destacou que o Idemanunca realizou concurso público para composição do seu quadro técnico, que conta apenas com bolsistas e comissionados – mais suscetíveis a pressões externas, dada a precariedade de seus vínculos“. Werner Farkatt Tabosa, diretor-geral do Idema, reconheceu a influência política, afirmando que “a licença só foi emitida por força de decisão judicial, mesmo estando pendente a análise sobre o cumprimento por parte do município de condicionantes do licenciamento“.

O MPF entende que as medidas para conter a erosão em Ponta Negra são necessárias, mas devem seguir a legislação. “Não podendo ficar à mercê de pressões políticas e externas (como vem sistematicamente ocorrendo para com o Idema), deixando-se de lado o aspecto técnico ambiental“.

Conflito entre Prefeitura e Órgãos Ambientais

Em julho de 2023, após o acordo com o Ibama, o Idema emitiu a licença prévia com 50 condicionantes para a obra, o que gerou atritos com a Prefeitura de Natal, responsável pela execução do projeto. A licença definitiva, conhecida como Licença de Instalação de Operação (LIO), foi emitida em agosto após manifestações e uma ocupação da sede do Idema no dia 8 de julho. Na ocasião, estiveram presentes o prefeito Álvaro Dias, o secretário de Urbanismo e Meio Ambiente, Thiago Mesquita, e diversos servidores municipais.

Pressionado, o Idema cedeu após a Justiça Estadual aceitar um mandado de segurança apresentado pela Procuradoria-Geral do Município, que alegava prejuízos causados pela demora na emissão da licença. O MPF afirmou que “não restou alternativa ao órgão ambiental senão a expedição da Licença de Instalação e Operação, deixando de lado a necessária análise técnica“.

Obras suspensas e mudanças de rota

A obra começou em 30 de agosto, mas foi interrompida quatro dias depois devido à detecção de areia inadequada, com alto teor de cascalho. A prefeitura, então, promulgou um decreto para dispensar o licenciamento de obras de contenção de erosão e iniciou a extração de areia de uma nova jazida sem notificar o Idema. Para o MPF, essa atitude foi “uma manobra da prefeitura para se auto-licenciar na exploração da nova jazida”.

O local da nova dragagem está fora da área que o Ibama tinha autorizado o Idema a licenciar. A Justiça Estadual decidiu que o Idema não tem competência para impedir a retirada de areia do novo local, enquanto o Ibama, mesmo notificado pelo MPF, continua se isentando de responsabilidade na fiscalização.

A falta de fiscalização adequada preocupa o MPF, especialmente devido ao impacto ambiental observado. Em setembro de 2024, o Centro de Monitoramento Ambiental (Cenam) registrou que “14 animais marinhos foram encontrados encalhados na faixa litorânea de Ponta Negra – dos quais 13 estavam mortos“. Esse aumento de 225% comparado a anos anteriores é um alerta para os riscos ao ecossistema local. O MPF alerta que a continuidade da obra sem controle técnico adequado coloca em risco o resultado final do projeto e a integridade do ambiente marinho.

O caso está registrado sob o número 0810604-88.2024.4.05.8400 e pode ser consultado diretamente no site do MPF.

Trecho da engorda na Praia de Ponta Negra e liberado para banhistas
Banhistas aproveitam trecho liberado – Foto: Magnus Nascimento/Secom

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Rafael Nicácio

Co-fundador e redator do Portal N10, sou responsável pela administração e produção de conteúdo do site, consolidando mais de uma década de experiência em comunicação digital. Minha trajetória inclui passagens por assessorias de comunicação do Governo do Estado do Rio Grande do Norte (ASCOM) e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), onde atuei como estagiário.Desde 2013, trabalho diretamente com gestão de sites, colaborando na construção de portais de notícias e entretenimento. Atualmente, além de minhas atividades no Portal N10, também gerencio a página Dinastia Nerd, voltada para o público geek e de cultura pop.MTB Jornalista 0002472/RNE-mail para contato: rafael@oportaln10.com.br

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