Durante anos, a leitura de pressão arterial de 12 por 8 (120/80 mmHg) foi considerada dentro dos limites normais. No entanto, as novas diretrizes da Sociedade Europeia de Cardiologia indicam que esse parâmetro mudou. De acordo com as novas recomendações, pressões entre 12 por 7 e 13 por 8 são agora consideradas elevadas, alertando para uma mudança na abordagem ao monitoramento da saúde cardiovascular. Pressões que ultrapassam 14 por 9 (140/90 mmHg) já se enquadram na faixa de hipertensão, exigindo cuidados ainda mais rigorosos.
“A hipertensão, também conhecida como pressão alta, é a condição crônica mais comum no mundo, afetando mais de um bilhão de pessoas e contribuindo para uma em cada oito mortes por ano”, ressalta a Dra. Deborah Beranger, endocrinologista com especialização pela Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro.
A atualização nas diretrizes reforça a necessidade de cuidados redobrados na monitorização da pressão arterial, especialmente considerando o impacto que a hipertensão tem nas doenças cardíacas.
A importância da alimentação no controle da pressão
A Dra. Marcella Garcez, médica nutróloga e diretora da Associação Brasileira de Nutrologia, afirma que o primeiro passo no controle da pressão arterial é reduzir a ingestão de sódio. “O sódio, presente no sal, desempenha um papel importante nas funções renais e na regulação da pressão arterial, mas seu consumo em excesso pode levar ao desenvolvimento de hipertensão, doenças cardiovasculares e até mesmo ao risco de morte”, explica Garcez. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que o consumo de sal seja limitado a 5 gramas por dia, o que equivale a cerca de 2 gramas de sódio.
Para atingir essa meta, Garcez sugere medidas como retirar o saleiro da mesa e evitar alimentos com altas concentrações de sódio, como fast foods, produtos embutidos, enlatados e alimentos industrializados. Além disso, uma alimentação saudável para o coração não se limita apenas à redução do sal, mas também inclui alimentos antioxidantes, ricos em fibras e compostos bioativos hipotensores.
O potássio como aliado no controle da pressão
“A ingestão de alimentos ricos em potássio é crucial, pois esse mineral ajuda a equilibrar os níveis de sódio no corpo, promovendo a excreção de sódio pelos rins e relaxando as paredes dos vasos sanguíneos”, destaca Garcez.
Entre os alimentos recomendados estão banana, abacate, laranja, batata-doce e espinafre, que são ricos em potássio e ajudam a manter os níveis de pressão arterial sob controle. Leguminosas, como feijões e ervilhas, também são fontes importantes de potássio e fibras, assim como os cereais integrais.
O magnésio também desempenha um papel significativo, podendo ser encontrado em alimentos como nozes, amêndoas e sementes de linhaça. Esses alimentos auxiliam na manutenção de uma pressão arterial saudável.
Dieta DASH e a redução dos riscos cardiovasculares
Uma dieta específica, chamada DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension), foi desenvolvida para prevenir e tratar a hipertensão. Ela se baseia em uma alimentação rica em vegetais, frutas, grãos integrais, laticínios com baixo teor de gordura e proteínas magras, ao mesmo tempo que reduz o consumo de alimentos com gorduras saturadas e trans. Estudos demonstram que essa dieta pode reduzir a pressão arterial em apenas algumas semanas.
“A redução da pressão arterial sistólica pode variar de oito a 14 pontos, o que representa um impacto significativo na diminuição do risco de doenças cardiovasculares”, afirma a Dra. Deborah Beranger. A eficácia da dieta é ainda maior quando combinada com uma dieta de baixo teor de sódio.
Além disso, a dieta DASH mostrou-se eficaz na redução do colesterol no sangue, devido ao aumento do consumo de fibras e à diminuição de gorduras saturadas. Segundo a Dra. Deborah, essa abordagem traz benefícios para pacientes com síndrome metabólica, que inclui hipertensão, obesidade e problemas nos níveis de colesterol e triglicerídeos.
Para manter a pressão arterial em níveis seguros, recomenda-se uma dieta balanceada, rica em potássio, magnésio e fibras, além da redução significativa de alimentos processados. “Essas mudanças são comparáveis ao efeito de medicamentos anti-hipertensivos e devem ser a primeira linha de defesa para quem apresenta risco de hipertensão“, completa Beranger.
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