O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou nesta quinta-feira (13 de abril) o uso do dólar e defendeu a criação de uma moeda única entre os países do bloco BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
Durante um discurso na cerimônia de posse da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) no comando do Banco dos BRICS, Lula questionou por que todos os países ainda precisam fazer suas transações comerciais utilizando o dólar americano. “Por que não podemos fazer o nosso comércio lastreado na nossa moeda?”, acrescentou, citando o “compromisso de inovar” do bloco.
Ele argumentou que os bancos centrais dos países membros do bloco poderiam cuidar da criação de uma moeda própria, o que tornaria as relações comerciais entre os países mais tranquilas e menos dependentes de uma única moeda.
Lula destacou que atualmente os países precisam buscar dólares para poder exportar seus produtos, quando poderiam estar utilizando suas próprias moedas. Ele também afirmou que o Banco dos BRICS deveria ter uma moeda que possa financiar a relação comercial entre os países, especialmente entre o Brasil e a China, e que isso seria um importante passo para inovar e fortalecer o bloco.
Embora o presidente tenha defendido a criação de uma moeda única entre os países do bloco BRICS, ele reconheceu que isso não seria uma tarefa fácil, especialmente porque muitos estão acostumados com a dependência do dólar. Ele ressaltou a necessidade de paciência e determinação para que essa mudança seja efetivada no futuro.
A crítica de Lula ao uso do dólar não é uma novidade no cenário internacional, já que muitos líderes mundiais têm questionado a hegemonia da moeda americana nas relações comerciais globais. No entanto, a proposta do presidente brasileiro de criar uma moeda única entre os países do bloco BRICS pode ser vista como um passo importante para a diversificação das moedas utilizadas nas transações comerciais internacionais, bem como para a criação de um novo modelo econômico global.
Visita ao “inimigo” dos americanos
O governo Lula tem defendido uma posição de independência no cenário global, em meio à disputa cada vez mais explícita entre China e EUA em todas as esferas, geopolítica, econômica e tecnológica. Em sintonia com a tradição diplomática brasileira, o Itamaraty descarta um alinhamento com um dos lados.
Mas algumas sinalizações deram a impressão em países do Ocidente de uma inclinação para Pequim, a começar pela comitiva e pela agenda bem mais robustas na visita à China do que à feita em fevereiro aos EUA. O primeiro discurso da viagem, nesta quinta, e a visita à Huawei, devem reforçar essa impressão.
“Visitei o centro de desenvolvimento de tecnologias da Huawei. A empresa fez uma apresentação sobre 5G e soluções em telemedicina, educação e conectividade. Um investimento muito forte em pesquisa e inovação“, escreveu Lula em seu Twitter oficial.
A Huawei está no Brasil há mais de duas décadas, mas sua presença tornou-se um tema sensível nos últimos anos frente ao acirramento das tensões sino-americanas na frente tecnológica. Em 2021, assim que os EUA incluíram a companhia em uma lista de empresas de tecnologia consideradas de “risco inaceitável” à segurança nacional, a gigante chinesa venceu um leilão para fornecer equipamentos para implantação da tecnologia 5G em todo o Brasil.
Quer receber as principais notícias do Portal N10 no seu WhatsApp? Clique aqui e entre no nosso canal oficial.