Universidades no Rio Grande do Norte suspenderam suas atividades acadêmicas e administrativas em todos os campi nesta terça-feira, 14 de março, devido à onda de ataques criminosos que tem assolado o estado e a redução na oferta de transporte público.
Devido à redução da oferta de transporte público no Estado e a onda de ataques criminosos que tem assolado o estado, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) informa que as atividades acadêmicas e administrativas estão suspensas até as 12h da quarta-feira, 15, em todos os seus campi, como forma de preservar a segurança da comunidade universitária. Caso seja verificada a necessidade de prorrogação da suspensão, a instituição emitirá um novo comunicado.
A Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern) também suspendeu suas atividades administrativas e acadêmicas presenciais em todos os seus campi, a partir de terça-feira, 14 de março, com o objetivo de proteger a comunidade acadêmica, especialmente aqueles que dependem do transporte público. As aulas e atividades que possam ser desenvolvidas de forma remota estão autorizadas, e a situação será avaliada diariamente.
A Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA) também tomou a decisão de suspender todas as atividades acadêmicas e administrativas da Universidade no Campus sede, em Mossoró, nos campi de Pau dos Ferros, Angicos, Caraúbas e no Polo UAB Serra de São Bento, no período vespertino e noturno de hoje, como medida de segurança diante dos ataques a bens e órgãos públicos registrados na madrugada e manhã de hoje, dia 14 de março de 2023.
Fica também suspenso neste período o uso de transportes da Instituição, bem como que a entrada da Universidade deverá ter os seus portões fechados, com acesso controlado. A situação será avaliada diariamente e novos comunicados serão emitidos.
Nas redes sociais, a Universidade Potiguar (UnP) comunicou que as aulas de hoje serão em “formato remoto e síncrono para o turno noturno”.
Onda de ataques no RN
O Rio Grande do Norte tem sido alvo de uma onda de ataques criminosos nas últimas horas, o que tem gerado preocupação nas autoridades e na população. Os ataques incluíram explosões, tiroteios e incêndios em Natal e diversas cidades do interior do estado, com estabelecimentos, batalhões da Polícia Militar, supermercados, micro-ônibus, lojas e bancos sendo atacados.
As forças de segurança do estado estão trabalhando em conjunto para identificar e prender os responsáveis pelos crimes, e algumas prisões já foram realizadas. No entanto, os ataques continuaram durante a manhã e tarde desta terça-feira, incluindo o incêndio de um caminhão em Mossoró, ônibus em Parnamirim e um carro da prefeitura de Macaíba, entre outros.
Em Felipe Camarão, indivíduos chegaram a um supermercado com artefatos explosivos e atearam fogo no estabelecimento. Na sequência, ocorreu um ataque a um micro-ônibus e uma Companhia de Polícia do 9º Batalhão, nas proximidades do Detran, em Cidade da Esperança. Houve troca de tiros e um dos suspeitos foi alvejado e encaminhado ao hospital, mas não resistiu. O outro homem foi preso.
Além de Natal, houve relatos de ataques em diversas cidades do interior do estado, incluindo São Miguel do Gostoso, Parnamirim, Campo Redondo, Lajes Pintadas, Macau, Acari, Touros, Cerro Corá e Caicó, onde houve ataque a um posto de combustíveis e uma loja de motocicletas (Honda). Em Parnamirim, criminosos atiraram contra as duas guaritas do prédio onde funciona o fórum da cidade. Nenhum segurança ficou ferido. Já no bairro Passagem de Areia, um ônibus escolar foi incendiado e ficou totalmente destruído.
Durante a manhã e tarde de terça-feira (14), foram registrados diversos ataques na região. Em Mossoró-RN, um caminhão foi incendiado por indivíduos não identificados. Em Parnamirim, três pessoas em motocicletas atearam fogo em um ônibus.
Na cidade de Macaíba-RN, tanto um carro quanto um ônibus foram incendiados. Além disso, um veículo da prefeitura de Macaíba também foi alvo de um incêndio criminoso. Já em Mãe Luiza, ao menos dois ônibus foram atingidos pelo fogo.
Estado já sabia que criminosos planejavam ataques
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, um grupo criminoso foi responsável pelos ataques ocorridos no Rio Grande do Norte. O governo já havia recebido um alerta sobre os ataques desde a segunda-feira (13).
O coronel Francisco Araújo, secretário de Segurança Pública, afirmou que as ações policiais anteriores, que resultaram na apreensão de grande quantidade de drogas e armas, podem ter incomodado os criminosos e os motivado a confrontar o sistema de segurança pública.
O governo já havia reforçado o policiamento para tentar conter os ataques, mas as medidas tomadas foram insuficientes para impedir a violência. “Colocamos todo o sistema em alerta, com ações que começamos a implementar ontem à tarde para minimizar qualquer ação que pudesse ocorrer”, explicou o secretário de Segurança Pública.
A Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SESED) está monitorando a situação e mobilizou todo o efetivo disponível para garantir a segurança da população. É importante que a população colabore com as autoridades, denunciando qualquer atividade suspeita nas áreas afetadas pelos ataques.
Mossoró e Natal na lista das cidades mais violentas do mundo
Os recentes ataques no Rio Grande do Norte ocorrem em um cenário de violência já conhecido no estado. Segundo um estudo realizado pelo Conselho Cidadão de Segurança Pública e Justiça Criminal, Mossoró e Natal estão entre as 50 cidades mais violentas do mundo, ocupando a 11ª e a 28ª posição, respectivamente.
Em 2022, Mossoró registrou uma taxa de homicídios de 63,21 por 100 mil habitantes, com 167 homicídios no total, enquanto Natal teve uma taxa de 45 homicídios por 100 mil habitantes.
Entre as causas da violência na região estão o tráfico de drogas, o crime organizado, a pobreza, a desigualdade social e a falta de oportunidades, problemas que são agravados pela falta de investimento em políticas públicas de segurança e pela corrupção em algumas esferas do poder público.
Os recentes ataques só reforçam a necessidade de ações efetivas para combater a violência e garantir a segurança da população.
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