As Nações Unidas lançaram neste domingo (6) o Estado do Clima Global de 2022. O relatório provisório confirma o aumento ao dobro da taxa de subida do nível do mar desde 1993, atingido um novo recorde.
O levantamento apontando ainda o derretimento de geleiras sem precedentes nos Alpes europeus foi apresentado por ocasião da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP27) em Sharm el-Sheikh, no Egito.
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, fez um alerta contundente para a gravidade da situação climática global e pediu ação urgente para evitar o caos climático. Guterres fez o alerta em transmissão de vídeo na abertura da COP27.
“O último relatório global é de caos climático crônico. Como a WMO mostrou claramente, mudanças em velocidade catastrófica vão devastar vidas em todos os continentes. Os últimos oito anos foram os mais quentes registrados, fazendo cada onda de calor mais intensa, especialmente para as populações vulneráveis. O nível do mar está subindo duas vezes a velocidade do que nos anos 1990, ameaçando países insulares e bilhões de pessoas nas faixas costeiras”, disse o secretário-geral das Nações Unidas.
Principais gases de efeito estufa
O estudo provisório descrevendo os detalhes da emergência climática foi compilado pela Organização Meteorológica Mundial, OMM. O propósito é aumentar a consciência dos líderes mundiais sobre a dimensão da crise.
Na apresentação do documento, o diretor-geral da OMM, Petter Taalas disse que quanto maior o aquecimento do planeta, piores os impactos.
O especialista chamou a atenção global para os “níveis tão altos de dióxido de carbono na atmosfera registrado atualmente, quando a meta de 1,5º bem abaixo definida no Acordo de Paris está longe do alcance. Para Taalas “já é tarde demais para muitas geleiras e o derretimento continuará por centenas, senão milhares de anos, com grandes implicações para a segurança da água”.
O dióxido de carbono, metano e óxido nitroso, os três principais gases de efeito estufa que contribuem para o aquecimento global, estão em níveis históricos. A temperatura global está 1,15º C acima dos níveis pré-industriais.
Aquecimento dos oceanos
De acordo com o estudo apresentado, nos montes Alpes foi observada uma perda média de espessura entre três e mais de quatro metros. Na Suíça, toda a neve derreteu durante a temporada de verão pela primeira vez na história. Desde o início do século, o volume de gelo dos blocos do país caiu mais de um terço.
O crescente derretimento de glaciares em todo o mundo levou ao aumento do nível do mar nos últimos 30 anos e a tendência evolui. A taxa de aquecimento dos oceanos tem sido excepcionalmente alta nas últimas duas décadas e as ondas de calor marinhas se tornam mais frequentes fazendo prever um contínuo.
Países como Quênia, Somália e Etiópia vivem uma crise de safras e insegurança alimentar depois de uma temporada de chuvas abaixo da média. Mais de um terço do Paquistão foi inundado em julho e agosto, como resultado de chuvas recordes que levaram ao deslocamento de 8 milhões de pessoas.
A África Austral viveu por uma série de ciclones ao longo de dois meses no início do ano. Os desastres atingiram Madagáscar com chuvas torrenciais e inundações arrasadoras. Em setembro, o furacão Ian causou grandes danos e perda de vidas em Cuba e no sudoeste da Flórida.
Velocidade catastrófica das mudanças climáticas
O estudo mostra ainda que grande parte da Europa registrou episódios de calor extremo. O Reino Unido atingiu a marca inédita de 40°C em 19 de julho. A situação foi acompanhada por uma seca e incêndios florestais persistentes e danosos.
Reagindo ao relatório, o secretário-geral da ONU, António Guterres, descreveu os dados como uma “crônica do caos climático”. Para o líder das Nações Unidas, os detalhes ilustram a velocidade catastrófica das mudanças climáticas ao arrasarem vidas e meios de subsistência em todos os continentes.
Guterres destaca que contínuos choques climáticos e condições climáticas extremas não se podem evitar, mas desafiou a COP27 a lançar um plano de ação para alcançar alertas precoces nos próximos cinco anos.
Para o chefe da ONU, pessoas e comunidades carecem de sistemas de aviso antecipado para que sejam protegidas em todos os lugares. Guterres disse ainda que o mundo deve responder ao sinal de socorro do planeta com ação, ação climática ambiciosa e credível de forma imediata na COP27.
Custos diretos para a saúde
Ainda neste domingo, a Organização Mundial da Saúde, OMS, alertou que a crise climática continua deixando pessoas doentes.
A agência pede que a saúde esteja no centro das negociações em eventos de alto nível. Temas como perigos da crise e potenciais ganhos de uma ação climática mais forte no setor serão abordadas em Sharm el-Sheikh.
A OMS alerta que as mudanças climáticas devem causar mais aproximadamente 250 mil mortes por ano no período entre 2030 e 2050. As doenças responsáveis são desnutrição, malária, diarreia e estresse por calor. A alta em custos diretos para a saúde chegará a US$ 4 bilhões por ano até o final desta década.
A agência ressalta que o investimento em energia limpa trará ganhos de saúde que satisfazem esses investimentos em dobro aplicando padrões mais altos para emissão de veículos.
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